Às vésperas de completar um ano desde a detecção do primeiro caso positivo de Covid-19, registrado em 19 de março de 2020, Sant’Ana do Livramento se encaminha para um dos momentos mais críticos da pandemia, o colapso do sistema público de saúde. Com uma crescente importante no número de casos nas últimas semanas, a Santa Casa de Misericórdia se iguala aos demais sanatórios do Estado e chega a 100% de ocupação.
A informação foi divulgada em um boletim epidemiológico publicado pela Prefeitura nesta sexta-feira (5). Com isso, a preocupação das autoridades aumenta ainda mais. “Na verdade, (o colapso) está próximo. A gente está se preparando para que a gente possa atender mais pessoas”, disse Caroline Gomes, secretária municipal de saúde.
Caroline também falou sobre os esforços para o aumento no número de leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e atribuiu o agravamento da situação ao período de férias. “Isso é muito o reflexo do veraneio, do carnaval, de pessoas que foram para outras cidades. […] Tem também a questão da vacinação, houve um relaxamento”.
A Secretária também lamentou a falta de conscientização de grande parte da população. “Já estamos vivendo há quase 365 dias com a doença. A partir do momento em que se tem que colocar várias equipes de fiscalização na rua, é porque as pessoas não estão colaborando”. Ainda nesta semana, Caroline relatou que foi feita uma reunião entre a Secretaria da Saúde e os gestores do hospital.
Uma das administradoras da Santa Casa, Leda Marisa dos Santos, falou que, entre os temas deliberados ao longo do encontro, esteve a ampliação do número de leitos. “Estamos, com esforço, tentando constituir alguns leitos Covid, com o apoio da comunidade. Até porque o estado do Rio Grande do Sul não tem os equipamentos para a gente constituir leitos Covid e leitos UTI. Nós temos uma área apropriada e teríamos condição de contratar uma equipe, mas os equipamentos nós não temos”.
Leda reconhece a situação atual do sistema no município e diz que alguns empresários podem ajudar. “O quadro é delicadíssimo, a gente já está no limite de ocupação do hospital. Nós já temos pacientes que teriam indicação de internação em UTI na fila de leitos UTI no Estado, onde já são aproximadamente 200 pessoas esperando por um leito”. A gestora completou dizendo que o custo de cada leito para a ampliação beira os R$ 50 mil, por conta dos aparelhos. Entretanto, alguns empresários já se mostraram dispostos a realizar doações e a gestora acredita que em até dez dias, novos leitos sejam entregues.