Gilberto Jasper
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A humildade é a qualidade que mais aprecio no ser humano. Meus maiores ídolos, na vida e na profissão que exerço, são pessoas recatadas, dotadas de grande talento para transformar fatos corriqueiros em excelentes reportagens. Outros fazem da vida um permanente exercício de solidariedade.
“Ser humilde com os superiores é obrigação, com os colegas é cortesia e com os inferiores é nobreza”, dizia Benjamin Franklin, num frase lapidar que resume a grandeza dos que cultivam esta qualidade. Ao longo do tempo o conceito de humildade foi distorcido como tantas outras virtudes que motivavam as pessoas.
Hoje, o humilde é ser trouxa. Na era da ostentação é preciso “aparecer a qualquer custo”, como mostram postagens de cenas íntimas do cotidiano, como ir ao banheiro. Neste clima o conhecimento é ferramenta para a arrogância, típica de quem não ignora a diferença entre o saber e a necessidade de humilhar.
A escassez da humildade serve para que eu valorize ainda mais meus ídolos. Eles preferem fazer ao invés de aparecer. Ao longo deste período de alquimia, onde a ciência é usada de argumento para decisões sem qualquer resultado eficiente, descobrimos inúmeras pessoas que praticam o bem de forma anônima.
Como em tudo na vida, estas atitudes também tiveram “o outro lado”. Oportunistas não perderam a chance de promover ações para angariar todo tipo de material – de cestas básicas a máscaras, passando por tubos de álcool gel -. Ao invés de manter estas ações, tão logo a pandemia tornou-se notícia banal, eles terminaram as campanhas beneficentes. A maioria turbinou as redes sociais para autopromoção, jogando confetes em si mesmos, como se ajudar a quem precisa fosse um favor.
O confinamento, o medo, a insegurança e o desconhecido desmascararam o ser humano. São tempos duros, implacáveis com os que lutam para sobreviver. Empatia virou termo da moda, incapaz de inocular o vírus da bondade naqueles que não pensam em nada além do seu umbigo.
O que ainda terá de acontecer para que possamos refundar uma humanidade solidária? A crise é mundial está em todos os lugares, mas muitos são imunes à solidariedade. Sejamos, sempre, humildes. Afinal, até o sol, com toda a sua grandeza, se põe para deixar a lua brilhar.