Faleceu, aos 64 anos de idade, no dia 26 de fevereiro, na cidade de Porto Alegre, vítima de câncer no pâncreas, a Juíza de Direito Mirtes Blum. Natural de Novo Hamburgo, a Drª Mirtes deixa muita saudade e seu filho Cesar Leonardo Blum Silveira.
Excelente profissional, exerceu suas atividades em Livramento de setembro de 1989 à 2012 quando foi promovida para a entrância final, na cidade de Porto Alegre. Nesse ínterim, no ano de 2008, a Juíza Mirtes assumiu a Vara da Infância e Juventude.
Sua trajetória pessoal e profissional sempre foi digna de muita admiração, tanto pelo ser humano sensível que sempre tratou a todos, como por sua sensibilidade em suas decisões, em destaque as questões envolvendo as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Além de cordial e respeitosa, preocupada com a dor do outro, possuía uma humildade, uma simplicidade e permanente preocupação social com aquelas pessoas que mais necessitavam da justiça.
A magistrada deu início a inúmeras atividades comunitárias, como a Ronda da Cidadania, que por um período chegou a ser realizado mensalmente, e os casamentos coletivos. Envolvia parte da comunidade santanense nesses projetos, que se tornaram ícones em levar a justiça para perto do povo. No dia 16 de setembro de 2009, quando completava 20 anos de atividades nesta Comarca, recebeu uma merecida homenagem da OAB local, na época presidida pelo advogado Luís Eduardo D’Ávila.
Na época, o Presidente do TJ destacou a trajetória da magistrada que classificou como marcante e edificante. “Não é fácil desempenhar a Magistratura por 20 anos e receber uma homenagem de tamanha envergadura e que reúne todos os segmentos do município”, afirmou. Armínio da Rosa disse ainda que o Judiciário gaúcho sentia orgulho em contar com uma magistrada com tal capacidade e competência.
Atualmente exercia suas atividades na 2ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Porto Alegre, responsável por todas as crianças e adolescentes acolhidos nas casas lares da Zona Sul de Porto Alegre, onde tinha o reconhecimento da corregedoria pelo seu trabalho
Logo após assumir o JIJ, e diante da imensa quantidade de processos sem julgamento definitivo, principalmente as ações de destituição do poder familiar, ela tomou para si a responsabilidade de colocar crianças e adolescentes de forma provisória em adoção. Ela chamava o casal da lista e os cientificava da possibilidade de receber aquela criança/adolescente em guarda até o trânsito em julgado da ADPF. Sempre com muita parcimônia, cuidado e atenção. Dessa forma, muitas crianças/adolescentes deixaram de crescer em abrigos e passaram a ter um lar de forma mais célere. Em razão do aumento do número de adoções, os magistrados da época também passaram a adotar tal entendimento. Um trabalho de muito louvor e que beneficiou inúmeras famílias e diminuiu a população acolhida. Sempre decidiu com muita determinação e certeza de que estava fazendo o bem!
Cordial, respeitosa, preocupada com a dor do próximo, era uma pessoa de profundo conhecimento jurídico, no entanto um ser humano simples, permanentemente preocupada com as pessoas que mais necessitavam do apoio da Justiça.