nesta semana a sua aposentadoria depois de 35 anos de trabalho em prol do povo gaúcho. Quem deverá assumir de forma interina o comando regional é o Ten. Cel. Zinga Comandante do 1º BPAF (1º Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira de Uruguaiana) até que seja realizada outra promoção dentro da instituição.
Burgel que deixará o comando no dia 7 de fevereiro, é natural de Porto Alegre, casado, possui 4 filhos. Ingressou na Brigada Militar em 1986 como Aspirante, chegando ao Posto atual em 2019. Esteve à frente do 10º Comando Regional de Bombeiros em Sant’Ana do Livramento, foi Diretor Administrativo do Corpo de Bombeiros Militar e por último Comandante do 2º Batalhão de Polícia de Área Turística em Capão da Canoa. O Coronel Burgel assumiu o CRPO-FO em 15 de abril de 2019, sendo promovido ao posto de Coronel em agosto daquele ano e chefiou as atividades administrativo-operacionais de um dos mais extensos Comandos do Estado, responsável por 22 municípios e com uma área aproximada de 66 mil KM² (23% do RS) e 900km de fronteira.
Recentemente, no dia 26 de janeiro, o militar recebeu a Comenda da Brigada Militar, das mãos do Comandante Geral da BM, Cel. Rodrigo Mohr Picon, no Salão Nobre do Quartel do Comando Geral da BM. Honraria esta concedida a personalidades que possuem destaque especial e distinguem-se em suas relevantes contribuições prestadas à Corporação.
Jornal A Plateia – O que o levou a escolher carreira militar e quantos anos o senhor tem nesta profissão?
Coronel Burgel – Em 1982 eu estava concluindo o segundo grau e deveria me alistar para o serviço obrigatório. Com a conclusão do 2º grau me inscrevi para realizar as provas para o CPOR/POA, conseguindo incluí-lo nesta OPM no Exército. Recordo-me como se fosse hoje, quando o então Capitão de Artilharia Rossi Machado, hoje Coronel da Reserva do Exército, respondendo um questionamento com relação a AMAN, me falou sobre a Brigada Militar. Naquela época estava me interessando em seguir a carreira militar, o que veio a se concretizar em 17 de fevereiro de 1986, ao ingressar nas fileiras da Brigada Militar, como Aluno Oficial. Claro que muitas passagens me ocorrem neste momento, com riquezas de detalhes. Lembro também da emoção, no dia 9 agosto de 2019, as 7h15m quando vejo no Diário Oficial do Estado, na página 13, publicado a minha promoção ao maior posto de minha Instituição,
Jornal A Plateia – cite algumas passagens marcantes da sua carreira militar?
Coronel Burgel –Os dois que demonstram o risco de vida que demanda o exercício da função Policial Militar foram : o primeiro, em um domingo de Oficial de Serviço do 16º BPM, em Cruz Alta, após ser demandado em uma ocorrência num campo de futebol, concomitantemente a sala de operação aciona este Oficial para uma ocorrência onde dois Policiais Militar se envolveram e foram baleados; lamentavelmente um veio a óbito; a dor só se manifestou após o cumprimento de nossa missão, ou seja, andamos quilômetros, fomos a Panambi; depois a Santa Bárbara do Sul na área rural; lá encontramos o veículo Escort do assassino, ele conseguiu escapar e dias depois se entregou para as autoridades policiais; com certeza a família sofreu muito; na época ocupava o posto de 1º Tenente, nunca mais esqueci aquela ocorrência.
A segunda ocorrência que me marcou foi em 20 de fevereiro de 2000, naquela época ocupava o posto de Capitão, Comandante dos Bombeiros de Esteio, exercendo minhas atividades no Corpo de Bombeiros, e nesse período estava na minha quinta Operação Golfinho seguida, em Cidreira. Naquele dia, por volta das 10 horas estava acompanhado do Sgt Ávila, fiscal de praia, o qual tinha sua origem no 15º BPM, Canoas. Estava com o Sargento fiscalizando as guaritas, quando próximo do terminal turístico avistamos entorno de cinco jovens em risco de afogamento e uma menina. Entramos na água rapidamente para fazer o resgate que era muito difícil por ser muito próximo da rebentação. Conseguimos resgatar todos eles, a menina chegou a ter duas paradas respiratórias, mas, o final deste fato é que uma vida foi salva, e isso não tem preço. Nada é maior do que este sentimento, muito mais de gratidão por contar naquele momento com a força e apoio do Grande Arquiteto. Para concluir, a imagem que tenho de inúmeros rostos de crianças de suas felicidades de estarem participando do Bombeiro Mirim, nos encontros Regionais anuais, era muito gratificante ver esta felicidade que nos iluminavam.
Jornal A Plateia – qual a importância de chegar ao último posto da carreira militar?
Coronel Burgel – É o último posto na carreira Policial Militar. É muito significativo. Todo o Oficial do Quadro de Oficial de Estado Maior da Brigada Militar almeja, ao entrar na carreira, chegar neste momento. Sabemos que a caminhada é árdua, que os desafios na profissão são enormes, pois tomadas de decisões são diárias, as responsabilidades envolvem risco à vida de Policiais Militares e Cidadãos, ou seja, é de toda ordem. A Instituição tem um valoroso conceito, e isso é pelos seus princípios, valores éticos e morais que demonstram o quanto é árdua a nossa caminhada até o último posto de Coronel QOEM.
Jornal A Plateia – quais os desafios de hoje para a BM?
Coronel Burgel – A Brigada Militar tem desafios diariamente, a evolução humana é uma realidade e a velocidade com que isso está ocorrendo nos últimos 20 anos é alta. O setor privado opera de uma forma mais rápida, no setor público há regramento que reduzem esta velocidade.
A Brigada Militar vem investindo muito forte na área de Tecnologia da Informações, agilizando seus processos administrativo e assim priorizando a área operacional. Acredito que o desafio maior hoje é consolidar políticas estratégicas públicas, que gerem ações, visando minimizar a defasagem de efetivo, e cada vez mais qualificar e equipar com TI seus RH, sempre com foco no Cidadão.