Em menos de duas décadas o Brasil deu um salto na produção de energia eólica. Os números impressionam, já estamos perto de 20 GW. Uma potência instalada bem maior do que a de Itaipu. Com as novas tecnologias, os aerogeradores são cada vez maiores e mais eficientes. Atualmente já se fala em máquinas com mais de 6 MW, altura acima de 120 metros e fator capacidade chegando a 50%.
Os grandes investimentos do setor estão no nordeste, muito em função do regime de ventos. A própria indústria se estabeleceu por lá, em razão da demanda crescente de grandes parques eólicos na região. Além do nordeste, que lidera o setor, temos o sul do Rio Grande do Sul com um potencial a ser explorado.
Por coincidência conversava sobre os bons ventos do sul com Ronaldo Custodio, duas semanas atrás. Ronaldo, para quem não sabe, é um dos pioneiros do setor. Ao meu juízo, um dos principais responsáveis pela consolidação do setor eólico no Brasil. Boa parte do que conversamos está contemplado numa longa matéria publicada recentemente no Estadão, 15/1, por Wagner Freire. (*)
De forma resumida e objetiva, como procuro tratar meus comentários no blog, da matéria do Estadão vem a confirmação: “a geração eólica na região SUL tenderá a ser mais competitiva com o avanço tecnológico dos equipamentos e a precificação horária de energia – modalidade que entrou em vigor neste ano”. Esta combinação de fatores vai viabilizar investimentos e gerar empregos na região.
Outra observação importante é que boa parte da comercialização se dará através do mercado livre, que no Sudeste e no Sul já estão bem mais consolidados que no Nordeste. Os negócios futuros vão passar pelo mercado livre; fazer bons contratos de compra/venda de energia elétrica será decisivo.
Um dos entraves que precisa ser resolvido, é a conexão elétrica no Rio Grande do Sul. Segundo Ronaldo Custódio, um dos maiores conhecedores do problema, a situação em breve estará resolvida. Portanto, as perspectivas são muito boas para o extremo sul do Rio Grande do Sul. Nasci na cidade de Rio Grande, conheço bem a região e seus ventos cortantes. Que venham os investimentos.
(*) Ronaldo Custodio, engenheiro formado pela Universidade Federal de Santa Maria, foi diretor da Eletrosul, professor da PUC/RS e um dos responsáveis pela publicação do Mapa Eólico do Rio Grande do Sul.
PS – Para que um parque eólico se mostre um negócio atraente e seguro, precisa de: um estudo de viabilidade apurado, bons ventos, investidores acostumados com projetos de longo prazo, conexão elétrica disponível e, se possível, contratos já definidos para a compra da energia gerada.
Fonte: https://mauropassos.blogspot.com/2021/01/energia-eolica-e-os-bons-ventos-do-sul.html