Os filmes, em geral, possuem uma proposta narrativa de forma a transmitir emoções. O quanto cada elemento vai funcionar no filme para atingir o objetivo de causar essas emoções depende do empenho, da visão e da qualidade do diretor. Mesmo que haja a necessidade dos elementos possuírem certa qualidade por si só, a forma como o diretor escolhe para contar sua história é o que vai diferenciar um trabalho bom de um trabalho ruim. Ocorre que, mesmo com esse esforço todo, pode ser que o filme não lhe emocione como o diretor pretendeu. Isso porque nossa relação com a arte e nesse caso, com a linguagem cinematográfica, é subjetiva e as emoções criadas podem impactar ou não o espectador, a medida em que há uma relação com o que nos é apresentado.
O cinema é uma arte fantástica justamente por conta disso. O diretor, mesmo sendo o autor do filme e por si só coordenador de tudo o que acontece em tela, deixa de ser “dono” da obra, no momento em que ela chega ao mundo. Uma vez que as pessoas possam discutir sobre o que é apresentado, criticar, trocar ideias, propor resoluções, o papel do artista, que desenvolveu aquela obra, está finalizado e o filme passa a estar conectado com cada espectador que o viu. Sem seguir uma linha de raciocínio filosófica, mas pare para pensar, apenas por um instante, que os filmes existem justamente para propor esse debate. Sobre como o filme impacta diferentes pessoas de diferentes formas. Pensar como que aqueles elementos sobrepostos, frame a frame, conquistam umas pessoas, enquanto outras sequer se conectam com o que é apresentado.
Muito além de uma questão de gosto, o cinema e as demais artes, se sustentam justamente por conta dessa subjetividade e porque funcionam diferente em cada pessoa que as consome, e podem ser boas ou ruins, à medida que essa pessoa se interessa pelo assunto. Como diferenciar um filme que eu gosto de um que eu não gosto? Deixe se levar pela experiência, busque aprender sobre a arte. Busque compreender que para a produção desse filme específico muita coisa está envolvida, muitos artistas, muitas experiências, muito trabalho e muita história. Essa ano o filme “O Garoto” de Charles Chaplin completa 100 anos de seu lançamento. Imagine que durante todo esse tempo o cinema não passou um instante sem evoluir. Uma arte que tem pouco mais de 120 anos. Conhecer esses filmes, conhecer outros gêneros do que estamos normalmente acostumados, consumir filmes de outros países, consumir filmes nacionais, conhecer diretores, roteiristas e artistas importantes e como seu trabalho é relevante para a história, tudo isso é importante para ter um bom aproveitamento dessa arte. Diferente de ver um filme só para “passar o tempo”.
Todos esses aspectos fazem do cinema o que ele é hoje. Uma arte que, mesmo recente, é muito poderosa, em constante evolução e que possui um caminho bastante virtuoso pela frente. Sejam quais forem as adversidades, as artes serão mecanismos de fuga de uma realidade penosa e os artistas poderão nos alegrar e nos emocionar a cada dia que passa, pois da sua criatividade existirá uma obra potente capaz de nos fazer pensar. Outra coisa importante é que, uma vez que o filme é lançado, ele já faz parte da história, sempre será possível revistá-lo para aprender ainda mais com ele. Não seja um mero espectador, reflita enquanto o filme que está assistindo propõe uma ideia ou uma inquietude. Tente pensar de que forma o que o cinema produz está ligado com a nossa sociedade e perceba que o cinema, assim como as demais artes, só existem porque sem elas, não seríamos nada.