Gilberto Jasper
Jornalista / [email protected]
A festinha de 500 pessoas organizada pelo “ídolo” Neymar é uma amostra da hipocrisia e da falta de comprometimento daqueles que são alvo diário da mídia que “constrói” celebridades. Faturar alto – com jogadores de futebol, atores e cantores é uma função que envergonha a mídia, em especial a televisão.
Revolta que diversos “formadores de opinião” condenam o povo que depois de 10 meses de confinamento vai à praça praticar exercícios físicos ou tomar um chimarrão. Nas praias, em residências, bares e em todos os lugares as “palmatórias do mundo” estão atentas para dedurar.
No caso do “Menino Ney” a mídia foi muito condescendente. A imprensa estrangeira foi mais crítica que os coleguinhas brasileiros conivente com o comportamento infantil do craque que, como dizia um treinador gaúcho “tem na cabeça o mesmo que há dento de uma bola de futebol: ar!”.
Grandes empresários também promoveram festas de confraternização. Em Porto Alegre, onde resido, amigos tentaram denunciar festas de arromba que infringiram a lei e acabaram com o sossego da vizinhança até o sol raiar.
Raras autoridades tiveram coragem de reprimir os abusos. Os brasileiros se revoltam quando chamam nosso país de “Republiqueta de Bananas”, mas às vezes é difícil defender os conterrâneos. Como diz o ditado “Aos amigos, a lei. Aos inimigos, os rigores da lei”.
Outro exemplo de comportamento lamentável foi adotado pelo governador de São Paulo, João Dória Jr. Indiferente à pandemia, ele juntou a família e voou para os Estados Unidos. Rico e sem qualquer sinal da tão difundida empatia, instalou-se num luxuoso hotel, sem máscara. A repercussão das fotos em solo norte-americano foi devastadora nas redes sociais que divulgaram as imagens com os detalhes.
Temendo prejuízos à imagem como candidato à Presidência da República em 2022 com a presepada, Dória voltou correndo para o Brasil. Aqui, pediu desculpas, mas fica a pergunta: que tipo de gestor público concede entrevistas coletivas todos os dias para ameaçar o povo que sai para trabalhar foi eleito pelo povo de São Paulo? Qual a moral que tem uma pessoa que ignora o sofrimento do seu povo para se refugiar em um país que já está vacinando contra a Covid-19?
Neymar e Dória são apenas dos exemplos de monstros criados pela opinião pública e que se aproveitam da falta de critério de parte da imprensa para faturar dinheiro e prestígio. A devastadora necessidade de produzir noticias com grande velocidade para abastecer os sites de notícias e fofocas tem sido fatal para a credibilidade.
A proliferação de fake news ?e a ausência de critérios na análise das notícias têm fulminado de morte a verdade, cada vez mais questionável. Se grades veículos manipulam conteúdo, o que esperar de outros meios de comunicação