Gilberto Jasper/Jornalista
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Nascido e criado na colônia, os animais fazem parte inesquecível da minha infância. Em casa tínhamos cachorro, gato, passarinho/papagaio, galinhas/pintos e até um lagarto de estimação. Hoje, os chamados PETs – ou mascotes – estão em toda parte, incluindo hamsters, tartarugas e até cobras não venenosas, entre outras espécies que convivem com humanos.
A pandemia, que nos obriga a um confinamento que já dura quase dez meses, aumentou a procura de animais de estimação. Segundo as ONGs e cuidadores, as adoções aumentaram 50% ao longo da crise sanitária. Lojas e clínicas abrem com a mesma velocidade que farmácias surgem numa proliferação impressionante.
O Brasil já é o segundo maior mercado de produtos PET do mundo, com uma fatia de 6,4% da participação global, superando o Reino Unido. O maior mercado é o dos EUA com impressionantes 50%. Somente no terceiro trimestre do ano passado o faturamento total do segmento – indústria e varejo brasileiro – foi de R$ 35,4 bilhões, 3% maior que todo desempenho de 2018 inteiro.
O Instituto Pet Brasil estima que 54,2 milhões de cães vivam como animais de estimação no país. O fenômeno gera um mercado cada vez mais criativo Em São Paulo já existem estabelecimentos especializados em ministrar aulas de ioga e reiki, além de terapia, para mascotes. Também já funcionam casas de festa exclusivas para cachorros, com cardápio especializado.
Na internet, os cães da raça golden retrievers têm 312 mil seguidores. Outros PETs são “influencers” no Instagran, enquanto outros, milhares, mantêm perfis nas redes sociais e são celebridade. A solidão da pandemia turbinou a busca de parceiros para preencher a solidão caseira, concretamente ou através de meios virtuais.
Esta tendência levou ao desenvolvimento de produtos assemelhados para animais como o surgimento de cervejas ao custo de R$ 14,90 a lata. Especialistas argumentam que compartilhar “uma gelada” ao final do dia com o fiel parceiro é uma experiência positiva para espantar o risco de depressão no confinamento. Moletons com capuz – estilo “rapper americano” -, óculos escuros, perfumes e todo tipo de indumentária e adereços, além dos chamados “dogtáxi” – veículos especializados em transporte de animais – completam um segmento em ascensão.
A dona de uma loja PET está exultante com o aumento do movimento ao longo da pandemia. Apesar da euforia, ela teme pela chegada das férias. E nesta época do que são registrados recordes de animais abandonados.
Sem planejamento, milhares de solitários comprar mascotes, mas desconsideram as despesas para deixar os animais em creches e hotéis nos períodos de viagens ou com amigos. Isso gera imagens deprimentes de cães e gatos perambulando pelo acostamento da free way e de várias rodovias.