Buenas,
As recentes eleições municipais tiveram uma característica similar: a imensa quantidade de pessoas que não foram votar. Se lembrarmos que o voto no Brasil é obrigatório, podemos dizer que o grande vencedor das eleições, na maioria dos municípios brasileiros, foi o candidato chamado “Abstenção”. Uma salva de palmas para ele, por favor!
O candidato “abstenção” foi o mais votado no primeiro turno, na maioria das cidades, em especial em capitais como Porto Alegre e Rio de Janeiro, superando os candidatos que foram para o segundo turno. O senhor “Abstenção” levou em torno de 1/3 de todos os votos válidos. (Escrevi senhor, como poderia ter escrito senhora, mas como temos sempre um número muito maior de candidatos do sexo masculino, usarei essa terminologia).
Um fato incontestável: ele amealhou a maior votação das últimas décadas, apresentando números bem superiores às últimas três eleições, quando conseguiu algo em torno de 21%. Para mantermos a linha estatística, o crescimento foi de mais de 50%. Um desempenho invejável para qualquer candidato.
Alguns apressados dirão que a vantagem do sr. “Abstenção” se deu por causa da pandemia da covid-19. Certamente é um fator preponderante, porém, não considero-a hipótese única. Diria que sua vitória esmagadora deve-se, isso sim, a simpatia de uma grande parcela da população pela omissão. Vamos avaliar alguns parâmetros.
É claro que a pandemia ajudou bastante não há como negar. Mas, mesmo com o Covid-19 circulando mais que santinho de candidato na véspera do pleito, podemos ir aos mercados, sentar em um bar e beber um cerveja bem gelada, além de pedir um pastel de carne, com meio ovo e azeitona na lancheria preferida, daqueles que deixam os dedos engordurados, mesmo usando guardanapos, não é? Então, tomando os cuidados recomendados, o que impediria um brasileiro dotado de seu título de eleitor ou documento com foto, de exercer o sagrado direito ao voto?
Todas as sessões eleitorais estavam com álcool-gel, tinham marcações e avisos para manter os distanciamentos seguros, além da obrigatoriedade da máscara. Ou seja, ir votar, provavelmente não iria contaminar ninguém. Amigos trabalharam de mesário; eu vi, votei e, até o momento, nada de manifestação do vírus em ninguém por causa disso. Fiz questão de não votar no sr. “Abstenção”, muito menos nos seus correligionários, o indiferente “Branco” e o indigesto “Nulo”. Eles foram bastante valorizados…
Já a insatisfação e o desânimo com a classe política, isso sim pode é relevante. Nos últimos anos tivemos grandes desilusões com a classe política, tanto à esquerda quanto à direita… Certamente essa desilusão tanto com os chamados “macacos-velho” quanto com a nova geração que mal chegou ao poder, fez com que muitos dos eleitores tivessem desinteresse de participar do pleito. Um amigo meu disse: Votar para quê? Trocar seis por meia dúzia?, resmungou esse melancólico brasileiro.
Muitos desses não conviveram ou esqueceram o período da ditadura militar, que impediu o voto direto entre os anos de 1964 e 1985, ao menos para presidente. Eu cresci com um avô que brigou pelo fim da ditadura, para reaver o voto, que, segundo ele: “é um direito, diria melhor, uma obrigação de todo cidadão!”, dizia com o dedo em riste.
Eu acompanhei o final desse período que negou o direito de escolha do cidadão brasileiro. Eu era criança, mas acompanhei, aquelas manifestações que tomaram conta das capitais brasileiras: o “Diretas Já!”, que pediam a eleição direta para presidente, entre 1983 e 1984.
Eu, como morador do interior, com pouco mais de 10 anos, tinha acesso ao que acontecia no mundo através dos jornais e da TV. Não era como hoje, que uma campanha surge nos EUA e, em alguma medida, se reproduz nos mais distantes rincões. Quando vim morar na capital, ouvia com ávida inveja meus colegas de faculdade contando que saiam do colégio para ir às ruas participar das passeatas pelas “Diretas Já”.
Infelizmente, não levaram. A eleição foi indireta, ganhou o Tancredo Neves, que morreu, curiosamente, na véspera de assumir, deixando o cargo ao José Sarney. Mas isso é outra história, tão comprida quanto o direito ao voto.
A reconquista após essa campanha eu acompanhei pelos jornais de minha infância. O resultado de toda essa luta, contra a censura e a vigente ditadura militar, foi a promulgação da Constituição de 1988 e as eleições presidenciais de 1989. E eu pude, no auge dos meus 16 anos, ostentar com orgulho meu título eleitoral, documento que meus pais mal utilizaram durante sua vida até então, para exercer o simples e valoroso direito ao voto.
Não elegi meu candidato, infelizmente, não só para mim, também para o país. Porém, isso acontece, é um dos ônus da democracia: nem sempre nossa opinião é majoritária, apesar de eu achar que deveria ser. O Brasil é muito grande, são quase 150 milhões de eleitores, não é fácil harmonizar as ideias de todo esse povo. Muitas vezes temos de aceitar a decisão da maioria. E, o mais difícil, torcer para que a maioria decida com maturidade e clareza de ideias.
Deu tanto trabalho ter esse direito de volta, tivemos vários períodos em que ele nos foi tirado, épocas em que o voto era de “cabresto”, outras em que até morto votava. Não vamos nós, após tantos períodos complicados, abrir mão de nosso direito inalienável de escolha, deixando aos outros a chance de escolher candidatos terríveis e incompetentes quanto esse tal de “Abstenção”.
Um último recado aos omissos, que não precisam dominar o mundo, apesar do título: um personagem do grande Stan Lee diz: “se não fizer tuas escolhas, alguém pode fazer por você.” Na história ele se chama Mefistófoles…
Alessandro Castro
Notícias do dia por Germano Rigotto
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