Recentemente a comunidade de Sant’Ana do Livramento se revoltou com o alto número de casos de estupro e abusos de menores de idade. Só nos últimos 15 dias, foram registrados três casos do tipo. Ainda na semana passada, um grupo de mulheres realizou um protesto cobrando agilidade das autoridades. Segundo avaliação do Presidente do Conselho Tutelar, Romário Coelho, os casos estão aparecendo mais por conta da pandemia e também por uma maior conscientização da sociedade. “As pessoas estão mais atentas, até pela questão de divulgação, elas estão prestando mais atenção, tanto nas crianças, quanto nos adolescentes. Coisas que não se viam, porque quando acontecia todo mundo ficava quieto, não chegava até o Conselho”.
A respeito dos cuidados com as crianças, Coelho destacou a importância de observar os sinais que as vítimas de algum tipo de abuso manifestam. “A primeira coisa é perceber a mudança do comportamento. Então se a criança brincava, falava, o adolescente também, era bem ativo, e começou a parar de brincar, de comer, não interagir, já é um sinal de abuso ou alguma coisa nesse sentido”, explicou. O Presidente completou dizendo que outro fator das mudanças, além dos abusos ou maus tratos, é a ameaça por parte do abusador, o que desencadeia esse tipo de reação de medo, vergonha ou introversão por parte da vítima.
O quadro é ainda mais preocupante quando se fala em números. De acordo com o levantamento feito por Coelho, os casos de abusos chegam, em média, a três por semana. “Denúncia para o Conselho, chegam de cinco a seis por dia. Questão de maus tratos, negligência e outras coisas mais também”. O responsável pelo órgão também aponta que não há um padrão no perfil dos abusadores. “É bem diversificado. Não tem um perfil, porque acontece em todas as famílias, em todas as classes sociais, não tem lugar específico. […] Mas geralmente é alguém da família ou próximo da família. Alguém que essa criança ou adolescente tem um contato já familiar”. Sobre o papel do Conselho em situações como essa, o Presidente explicou que cabe ao órgão orientar e prestar os encaminhamentos necessários às vítimas e seus familiares, não tendo qualquer tipo de ingerência no processo de investigação.