Há pouco mais de três anos, a presença das garças-vaqueiras no Parque da Hidráulica, local onde os pássaros escolheram para reprodução e descanso de sua jornada nos períodos mais quentes do ano, vem gerando uma série de problemas aos moradores do entorno do parque e causando um desequilíbrio ambiental. A problemática se deve a vários fatores entre eles a grande quantidade de fezes dos animais nos espaços públicos como calçadas e até mesmo nas residências próximas; o barulho dos animais que ficam próximos ao complexo hospitalar e o risco de transmissão de doenças aos seres humanos.
Com a questão judicializada e várias tentativas para solucionar o problema, o corpo técnico do Departamento Técnico do DAE com apoio do ICMBIO, IBAMA, Conselho do Meio Ambiente, Departamento de Meio Ambiente do Município elaborou um projeto para a contratação de uma empresa especializada para fazer a remoção dos pássaros.
Na última semana, entre os dias 3 a 6 de novembro, os profissionais da empresa W Falcon estiveram realizando a primeira ação das três que serão efetuadas, que foi o início das retiradas dos ninhos sendo uma operação respaldada legalmente junto à instrução normativa do IBAMA Nº141/2016 que contempla ações com os animais que oferecem risco à saúde humana.
Segundo Carlos Henrique Saldanha Ferrari, Engenheiro Sanitarista e Ambiental do DAE, responsável pela contratação da empresa o entendimento do IBAMA até o momento foi que as aves são consideradas exóticas o que torna a ação à luz da normativa menos complexa autorizando o procedimento de formal legal. “Isso nos autoriza a retirar os ninhos desde que acompanhados de um profissional responsável técnico, que no caso é a bióloga da empresa contratada. Além do apoio do DEMA que tem sido fundamental nesta questão e o Conselho do Meio Ambiente, para essa primeira campanha de retirada dos ninhos” destacou.
Segundo o técnico, é importante salientar que foram retirados os ninhos vazios. “Qualquer ninho que tenha indício de postura de ovos ou até mesmo algum filhote não será removido. Nesta primeira ação foram retirados cerca de 50 ninhos todos vazios. Já na próxima ação que deve ocorrer em seguida, está previsto o manejo das garças e o controle dos animais. O grande desafio é que existem centenas de aves dentro do Parque da Hidráulica e a gente sabe dos inconvenientes que elas causam. Esperamos que com todo o apoio que estamos tento o resultado seja satisfatório”.
Segundo os representantes da empresa W Falcon, assim que as aves forem retiradas num segundo momento elas serão transportadas para uma propriedade rural localizada na região de Aceguá que possui uma vasta área de campo onde poderão procriar e se desenvolver.
Sobre as Garças-Vaqueiras
A garça-vaqueira trata-se de uma espécie recém-chegada ao continente americano, vinda da África. No continente africano está sempre associada às manadas dos grandes herbívoros, apanhando gafanhotos e outros insetos espantados pelo deslocamento dos animais na savana. Também conhecida como garça-carrapateira, garça-boiadeira, garça-boieira, cunacoi e cupara.
Apresenta um comprimento de 48 a 53 centímetros. Sua envergadura vai de 90 a 96 centímetros, tendo um peso de 300 a 400 gramas. Alcança uma longevidade de 15 anos.
Alimentação
Caça seu alimento longe da água. Principalmente os insetos espantados pelos pastadores; essa garça tem também uma fonte de alimentação nas moscas do dorso desses animais. Quando o gado está em terreno alagadiço também busca alimentos no solo, até mesmo pequenos anfíbios.
Reprodução
Nidifica em colônias mais ou menos numerosas (de dezenas a milhares de indivíduos), em árvores ou arbustos, próximo de lagos e rios. A construção do ninho é feita por ambos os progenitores, embora com tarefas distintas. A fêmea encarrega-se da construção propriamente dita, enquanto o macho recolhe o material para a construção. A fêmea deposita 4 ou 5 ovos, que são alternadamente incubados por ambos, num período de 22 a 26 dias. As crias abandonam o ninho ao fim de 30 dias.
Hábitos
Procura alimento, de um modo geral, em espaços secos, campos de cultivo, podendo, no entanto, ser encontrada nas margens de lagos e pântanos. É capaz de subsistir em zonas secas, sem nenhuma água, durante um espaço de tempo relativamente longo. Frequentemente é avistada entre o gado que pasta ou atrás das máquinas agrícolas que lavram a terra.