Gilberto Jasper – Jornalista
Novo normal, nada será como antes, os hábitos vão mudar, empatia. Estes são alguns dos termos e expressões mais empregados nos últimos sete meses. Sem aviso prévio, o mundo se apequenou. Afinal, em todos os continentes se enfrentou o mesmo perigo mortal. As soluções brotaram da criatividade, inspiradas pela competência e pelo espírito solidário de cada um. Entre os profissionais mais exigidos nesta pandemia o professor ocupa lugar de destaque pela natureza do seu trabalho.
A capacidade de ensinar transcende questões técnicas. Depende de inúmeras qualidades para exercer a profissão – ou seria o sacerdócio? – com eficiência. A sala de aula é um vasto ambiente revelador aonde alunos chegam com uma bagagem genética inata. De ambientes, classes sociais e vivências distintas, têm como único ponto em comum o mestre que orienta, inspira, estimula.
O professor é um trabalhador notável que reúne inúmeras capacidades. Primeiro, é claro, como educador a mostrar caminhos a serem trilhados a partir de valores, princípios e pressupostos éticos. Coerente com este último conceito, a sua vida é devassada. Afinal, ele precisar ser exemplo. E o pior: numa época onde as redes sociais onipresentes desvendam a intimidade até de super-heróis e celebridades.
As carências afetivas que cada um traz de casa refletem diretamente no desempenho do orientador. Frequentemente ele é obrigado a ser pai/mãe em tempo integral dentro da sala de aula. Crianças, jovens e adultos jovens veem nele um farol inspirador, um relicário de soluções. Apesar das contestações que marcam o comportamento adolescente, o professor é uma figura icônica que pode deflagrar profundas guinadas, salvando vidas, construindo cidadãos respeitáveis.
A pandemia obrigou os educadores a conviver intensamente com a tecnologia. Muitos improvisaram, por vezes tirando dinheiro do próprio bolso para aperfeiçoar o ensino para não frustrar a expectativa dos discentes. Apesar do momento difícil, porém, nem todos os pais coibiram a falta de comprometimento de seus herdeiros.
Os tempos são de insegurança. O abre-fecha gera ansiedade, a insegurança é generalizada, mas o professor é calejado para enfrentar desafios no dia a dia. Talvez soasse piegas dizer que “todo dia é Dia do Professor”, mas a catástrofe mundial promovida da Covid-19 consagrou este conceito junto a quem forja seres humanos. Um ofício divino!