Por: Gilberto Jasper
Jornalista / [email protected]
Domingo teve início mais uma campanha eleitoral com características bastante diferentes em relação às batalhas pelo voto que estamos acostumados a assistir. Além da pandemia e da onipresença das redes sociais, a radicalização que marca o país nunca esteve tão acirrada. Isso faz prever que os advogados terão mais trabalho que os candidatos e seus cabos eleitorais. São aguardadas muitas batalhas jurídicas.
Aos poucos a ideia de que se trata do pleito mais importante para nossas vidas ganha espaço. Prefeitos e vereadores interferem diretamente no cotidiano, através da criação de leis, obrigações e apresentando propostas que podem melhorar a comunidade onde vivemos.
Manutenção ou renovação, velhos nomes ou candidatos inéditos, “chapa pura” ou coligações. Os dilemas parecem não sensibilizar o eleitor que parece preferir votar em nomes. Em diversos municípios existem famílias que dominam a política municipal e regional. A hereditariedade, em política, é elemento de forte influência junto ao eleitorado. Muitas oligarquias, porém, sofrem abalos com uma derrota, jamais retomando o poder.
Apesar da demonização da política, patrocinada por boa parte da imprensa – sempre ávida em noticiar fatos negativos, “esquecendo” os bons exemplos –, inúmeros amigos submeteram seus nomes à apreciação nas urnas. Admiro muito estas pessoas que deixaram a chamada “zona de conforto” para participar e “fazer a diferença”.
Criticar, xingar, dizer como as coisas devem ser feitas e apregoar a má intenção de todos os detentores de mandato é o esporte preferido Brasil afora. Quem concorre sabe que a sua vida será devassada na busca de fatos desabonatórios. Descobertos ou supostamente negativos, eles serão transformados em cards, postagens, vídeos para jogar no mundo da internet.
O uso das redes sociais democratiza a comunicação para candidatos sem mandato ou com falta de recursos. Mas ao mesmo tempo multiplica a veiculação de fake news. A rapidez da campanha eleitoral – cerca de 40 dias – e a grande quantidade de candidatos impede que a Justiça Eleitoral tenha a agilidade necessária para acolher, julgar e aplicar as penas previstas na legislação.
Este descompasso permite que muitos candidatos sejam eleitos e depois condenados por irregularidades. Mas graças à legislação, repleta de recursos e através de bons advogados, conseguem protelar a decisão indefinidamente. Mesmo condenados, muitos concluem o mandato, o que revolta os cidadãos acostumados a cumprir a lei. Este é um risco que mais uma vez vamos correr. Por isso, votar bem é fundamental!