Por: Fernando Albrecht
Anos 1970. Presidente de uma entidade empresarial nomeada agendou reunião com um senador da República. Saiu do aeroporto e foi direto para o espaço dos visitantes do Senado Federal. Estava vazio, só ele ocupava uma das cadeiras, esperando que algum assessor o chamasse. Minutos depois, aparece uma mulher jovem e muito bonita, vestindo roupas caras. Olha ao redor e senta na cadeira bem ao lado do empresário. Ficam em silêncio por algum tempo. Quem o quebra é o empresário, intrigado com a jogada.
– Moça, me diga uma coisa. Há dezenas de cadeiras vagas e você vem sentar justo ao meu lado. Pode me dizer o motivo?
A bela garota faz o contorno das orelhas com os dedos bem juntos e jogou os belos e longos cabelos para trás; e em seguida sacudiu-os com a segurança de quem tem certeza do impacto que causa nos homens. Então fala.
– Vou explicar. Eu sou amante de um senador e vim aqui pegar minha mesada. Acontece que o meu benfeitor tem lá seus remorsos e, às vezes, me dá chá de banco, além de me pagar com perna de anão. Só que descobri depois que sua excelência é muito ciumento.
Breve pausa.
– Então, quando ele fica sabendo pelo assessor que estou perto de outro homem, vem correndo rapidinho para entregar meu dinheirinho. Olha, lá vem ele, eu não falei?
De fato, o senador entrou e foi direto rumo à mulher, ignorou o visitante e entregou um envelope gordinho para a bela. Em seguida virou as costas e foi para o gabinete. Ela abriu a bolsa, jogou o envelope dentro e saiu por onde entrara. O empresário ficou sentado tentando processar o que viu e ouviu. Foi chamado em seguida.
Enquanto caminhava rumo ao seu compromisso, chegou à conclusão que não entendia merda nenhuma da natureza humana.
http://fernandoalbrecht.blog.br/a-amante/