“A Praça General Flores da Cunha, hoje desfigurada pela ocupação agressiva de seu espaço, pode ser considerada a irmã mais velha do Parque Internacional. Se o parque só viria a ser criado em 1943, já em meados da década de 30 aquele local privilegiado do convívio fronteiriço se transforma na Praça João Pessoa, ocupando o espaço que antes era cedido para o estacionamento de ônibus urbanos e da antiga estação rodoviária. No início dos anos 70, já sob a ditadura militar, a praça é renomeada “General Antônio Flores da Cunha”, em homenagem ao santanense ilustre, chefe político do Partido Republicano Riograndense, herói da revolução de 1923 e prestigiado governador do Estado”. O texto, é parte do integrante do artigo da santanense Liane Chipollino Aseff, historiadora, autora de Memórias Boêmias – Histórias de uma cidade de Fronteira (Edunisc, 2008), e que remete os santanenses a um passado distante onde o sentimento de “pertença” era mais importante. Esse sentimento impedia atos de vandalismo mais acerbado e o patrimônio tinha mais chances de resistir aos ataques humanos, ficando a mercê apenas dos ataques da intempérie. Hoje, sem prestar atenção no passado, vândalos promovem ataques ao patrimônio de toda a comunidade a exemplo do que ocorreu na madrugada da última segunda-feira com pelo menos uma das estátuas dos tradicionais cães da Praça dos Cachorros. O ponto, um dos favoritos para quem gosta de tirar fotos e deixar registrado o passeio, agora precisará novamente passar por reforma, a exemplo do que já ocorreu quando da revitalização total da praça ainda na gestão do ex-prefeito Glauber Lima. Depois de trinta anos de ocupação, a praça voltou a ser de toda a comunidade e todas as suas obras de arte ficaram novamente expostas.
Serviços Urbanos
Procurado pela reportagem do Jornal A Plateia, o secretário de Serviços Urbanos, Airton Flores, disse lamentar o ato de vandalismo e lembrou ações desse tipo tem se tornado mais frequentes na cidade, especialmente na região central. “Fiquei sabendo na segunda-feira. O nosso ronda que cuida da praça me relatou que estava fazendo seu trabalho, e como não tem poder de polícia, houve essa depredação. Quando percebeu que um indivíduo quebrou a estátua ele chamou a BM mas, o mesmo já havia fugido para Rivera. Esses atos tem aumentado muito nesse período de Pandemia. Nós aqui, com os meios que temos, vamos tentando fazer o possível. Agora foi demais, pura maldade. Aquele cão é um símbolo da cidade. Já estamos em contato com um restaurador que vai nos dar um orçamento para que possamos fazer essa reconstrução o quanto antes. Durante o dia tem o praceiro e à noite tem o ronda, mas ainda assim, lamentavelmente, essas coisas ainda seguem ocorrendo”, disse o secretário. Airton Flores lembrou ainda que um doador anônimo já se colocou à disposição da Secretaria de Serviços Urbanos para auxiliar com um aporte financeiro que possa ser somado aos recursos da pasta e assim pagar o restaurador e a reconstrução da estátua do cão depredado.