qui, 21 de novembro de 2024

Variedades Digital | 16 e 17.11.24

Como os professores estão realizando aulas online? E qual a opinião deles?

Desde o início da pandemia, os conteúdos têm sido distribuídos para alunos através das redes sociais

Aulas do ensino público e privado dos níveis estaduais e municipais estão com todas as atividades presenciais suspensas. Chegou o momento dos professores relatarem um pouco sobre como suas rotinas de atividades foram alteradas pelo vírus e como será este período online.

Professora Clelia Rejane (Foto: Cedida/AP)

A professora Clélia Rejane Machado Rodrigues possui turmas em três escolas, na escola Moysés Vianna, Maurício Cardoso e Júlio de Castilhos. Questionada sobre sua maior dificuldade neste modelo, Clélia logo destaca o tempo, ou melhor, a falta dele: “Pessoalmente, o tempo é maior dificuldade, por ser algo novo e que se deu de repente, não houve tempo para a formação no ambiente remoto e muitas vezes, é preciso, primeiro aprender para depois preparar e postar as aulas. Aulas essas, que são para escolas, anos e disciplinas diferentes. Por exemplo, atendo três escolas, turmas do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental e primeiro ano do Ensino Médio, com quatro disciplinas diferentes, então são várias aulas para preparar. Além disso, têm cursos e palestras para assistir, planos e relatórios que são solicitados com prazos muito apertados, alunos que pedem auxílio a qualquer hora (muitas vezes isso se justifica pela falta de celular próprio, então é preciso esperar alguém da família chegar do trabalho com o aparelho). Enfim, o trabalho não tem hora definida, o tempo nunca é suficiente”, conta.

Já sobre os pontos positivos e negativos deste método, ela destaca a utilização de recursos da internet como positivo e falta de acesso à internet de qualidade a diversos alunos como negativo: “Os positivos é a maior possibilidade de se usar material da internet como vídeos, pois basta postar um link no Youtube para que os alunos tenham acesso a determinado conteúdo e imagens, como fotos, charges, história em quadrinhos ou outros, a facilidade se dá na qualidade do material, pois em sala de aula ficaria difícil de proporcionar material impresso com qualidade. Não seria possível imprimir imagens em cores para todos os alunos, como uma revista, por exemplo. Já falando em pontos negativos é com certeza a falta de acesso de muitos alunos, não só à internet como ao celular. Existem diferentes situações: total falta de internet; internet limitada; falta de celular; celular com pouca memória e ainda famílias com um único aparelho e vários filhos estudantes. Também a falta de domínio do ambiente remoto, como citei anteriormente, tanto por parte de alguns professores como de alunos. Ainda falta formação no ambiente virtual”.

“Do jeito que está é excludente, pois muitos alunos não têm acesso e muitos professores ainda precisam de formação (inclusive eu). Até agora a formação se deu através de direção de escolas e da busca individual de cada professor. Tivemos algumas palestras online, mas ainda falta formação prática. Outra questão e que, cada professor precisa usar de recursos próprios, como internet, notebook e celular. Também os alunos, pois ter um celular por si só, não garante acesso de qualidade, até a quantidade de memória do aparelho é um fator importante para o sucesso do trabalho, destaca Clélia sobre este formato de aulas.

A professora Clélia finaliza comentando sobre a interatividade com os alunos e também sobre o processo de criação de salas através da plataforma Google Classroom, modelo que o governo do estado pretende adotar em caso de continuação das suspensões de atividades escolares: “Espero que a interatividade melhore com a plataforma, pois se, de um lado têm alunos que se consegue uma interatividade grande, por outro, existem aqueles em que o contato nem existe. Claro que para este aluno, é disponibilizado material impresso, mas falta essa interatividade que, com certeza os prejudica”, finaliza.

“Eu tenho dois filhos, um de três anos e o outro de dois anos, como faço para atender meus alunos”?

Professora Leandra Saldanha(Foto: Cedida/AP)

Já para a professora de matemática Leandra Saldanha, a classe dos professores foram que as mais sofreram mudanças: “Tínhamos como instrumentos essenciais de trabalho o próprio corpo e a própria voz, temos agora ferramentas imprescindíveis como os celulares, computadores e plataformas de ensino. Em meio à adaptação a essa nova forma de trabalho enfrentamos muitas cobranças, pouco prazo e muita responsabilidade. Tivemos que transformar toda nossa rotina, jornadas de trabalho que agora duram todo dia, sete dias por semana conciliando com os afazeres domésticos e a educação dos próprios filhos. Sim, eu tenho dois filhos um de três anos e um de dois anos, como faço para atender meus alunos? Não sei, mas tem que fazer e tem que dar certo. Nos meus áudios de explicação tem choro e gritos, som de desenhos animados, nas aulas online têm a participação deles. Para meus filhos eu sou mãe em tempo integral não querem saber se o áudio é de explicação de potência ou uma ligação para vovó”, conta.

Leandra ainda ressalta a importância de se ter um padrão para os alunos não sofrerem perda de qualidade no ensino devido a problemas de acesso e/ou conexão: “É preciso calibrar as expectativas de acordo com o momento atual, precisamos lembrar que os professores, as famílias e os alunos não são perfeitos e estamos fazendo o possível para que todos tenham acesso a uma aula de qualidade, mesmo tão distante da realidade de muitos alunos principalmente da rede pública. Sabemos que nada será como antes, teremos que nos adaptar a promover uma nova forma de ensinar, que assim como nós professores, também cabe a responsabilidade da aprendizagem a família e cada aluno terá que achar a melhor forma de aprender, sanar dúvidas e aproveitar essa nova modalidade de ensino aprendizagem. Pois saber se relacionar em redes sociais não quer dizer que saibam usar uma plataforma de ensino da melhor maneira, ou fazer uma boa pesquisa em sites de buscas ou então assistir uma aula no meet ou no zoom. Estamos vivendo novos tempos, novas expectativas, nova forma de olhar e de aprender”, finaliza.

“Nada substitui a escola”

Professora Carla Civeira(Foto: Cedida/AP)

Carla Civeira, diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Moysés Vianna, destaca que nada substituirá as escolas e o ensino presencial: “Primeiramente, quero pedir aos leitores licença para tratar a profissão de professora no feminino pois somos a maioria. Sou uma apaixonada pela minha profissão e, no início, escutava com tristeza dizerem que no futuro seríamos substituídas pelos computadores. Porém, com esta experiência vivenciada a partir da pandemia estou convicta que as educadoras não serão substituídas por nenhuma máquina; nada substitui a escola, nada substitui a interação com a professora, com os colegas, com o ambiente escolar, com a merenda, com os esportes, com a música, entre outros. Nossas colegas reinventaram-se agindo! Reinventaram-se na prática. Partiram das aulas presenciais para aulas remotas. A maioria delas não têm formação no mundo digital, não têm acesso à Internet, falta-lhes recursos eficientes (celulares, computadores), têm diversas turmas em diversas escolas”, conta.

Carla destaca o enfrentamento das adversidades por parte de seus colegas professores, pois estão se esforçando ao máximo para que o ano letivo de 2020 não se perca: “Apesar de todas essas adversidades, nossas colegas estão enviando através das mais variadas formas (Aplicativo Whatsapp, Plataforma Classroom, materiais impressos, e-mails) aulas que busquem atingir seus alunos com a maior abrangência possível sem a interação tão necessária. Recebemos formação e orientações da nossa mantenedora que auxiliam esse trabalho, orientamos enquanto direção da escola, mas na prática, são as nossas colegas que estão na ponta, que estão chegando na casa de nossos alunos. Podemos dizer que este momento está reforçando a desigualdade já existente na escola, pois esse “aproximar-se” depende de condições que muitos não têm. Estamos todos nos desafiando, trabalhando dobrado, triplicado, mas com a consciência da necessidade de fazer com que este ano seja validado, pois acreditamos ser muito arriscado voltar às aulas presenciais como as que conhecíamos em função dos índices de contaminação pelo COVID19 que são alarmantes e as condições e infraestrutura de nossas escolas são praticamente impossíveis sem que haja um alto risco de contaminação”, finaliza Carla.
Paulo Freire afirmava: “A escola não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários e conceitos. Escola é, sobretudo, gente.”

João Victor Montoli
[email protected]

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