(Foto – Fernando Dias Seapa)
A comercialização do boi gordo nos primeiros quatro meses de 2020 no Rio Grande do Sul registrou uma valorização média ao redor de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Os números demonstram que a pecuária tem sido um investimento seguro, mesmo diante da seca enfrentada pelos produtores gaúchos e do contexto econômico gerado pela pandemia do Coronavírus (Covid-19). Embora ainda haja muitas incertezas, as perspectivas se mantém atrativas para o setor no restante do ano.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), Eduardo Eichenberg, o pecuarista mostra-se estimulado e interessado em investir, reconhecendo a valorização e a segurança da própria atividade. “Este olhar certamente tem ajudado a manter as cotações das diferentes categorias relacionadas à pecuária nos patamares atuais”, pontua o dirigente, destacando que o cenário para os próximos meses ainda gera dúvidas, pois toda crise econômica repercute no consumo de carne em função da perda de poder aquisitivo do brasileiro.
No entanto, segundo Eichenberg, os criadores que trabalham com a genética Hereford e Braford, produzindo terneiros ou novilhos jovens bem terminados, padronizados, que atendem aos critérios de certificações, conseguem entregar ao mercado uma carne diferenciada, atingindo um público de maior poder aquisitivo e menos suscetível às crises. “Esses criadores certamente estarão mais blindados em relação às alterações do cenário econômico”, observa.
O dirigente ressalta ainda as expectativas de elevação das exportações de carne. “O dólar alto, que estimula a venda da carne brasileira para outros países, aliado à demanda constante da China por proteína, são indicativos positivos. Os últimos meses têm sido todos de quebras de recordes de exportação de carne bovina, seja em volume, seja em valor”, sinaliza.
Apesar das incertezas, os resultados dos primeiros leilões da Temporada de Outono da pecuária gaúcha, conforme demonstra o vice-presidente da ABHB, registram liquidez nas vendas e preços atrativos, ultrapassando os valores do ano passado. Segundo ele, as primeiras expectativas foram, inclusive, superadas, uma vez que, diante dos efeitos da seca e do coronavírus, havia dúvidas de como o mercado iria se comportar. “Provavelmente, as cotações mais altas do boi gordo ajudaram a valorizar as demais categorias, pois os leilões atingiram médias de preços superiores ao que se esperava, aumentando a confiança de que o restante do ano será bastante atrativo para a pecuária e para as raças HB”, conclui Eichenberg.