A fronteira nossa como ela é
Bueno, como costumamos dizer aqui nestes pagos, a maioria das pessoas que aqui vive não se dá conta do inédito que é essa nossa Fronteira.
Somos (posso estar enganada em meus parcos conhecimentos) o único lugar NO MUNDO onde duas cidades, de países diferentes, separadas apenas por um canteiro, compartilham ABSOLUTAMENTE tudo – ideais, histórias, raízes, cultura, algumas leis, expectativas, comércio, sociedade, vida. Eu gosto de dizer que somos uma única cidade em dois países.
Cruzamos nossa fronteira com a maior naturalidade.
Quem aqui vive nem conta se dá que está em outro país: saúde (podemos consultar, pagando mensalmente clínicas do lado uruguaio), comida (ah, o azeite está mais barato do lado de cá, os riverenses vêm comprar; a massa caseira de lá é referência em nossas mesas aos domingos); o amor – namoros e casamentos entre as duas cidades é tão corriqueiro quanto ir à Sarandi comprar.
É o paraíso? Claro que não! Temos nossas diferenças? Somos dois povos diferentes? Claro, partilhamos, compartilhamos, mas, mantemos nossas características.
Outro dia, escutei uma história verídica que havia acontecido naquela manhã: policiais do lado uruguaio estavam perseguindo uma moto (os policiais daqui foram avisados da perseguição). A moto passou de lá para cá, e achou que estava salva, ficou parada na linha divisória, tripudiando os “milicos”. Um policial uruguaio parou para dar a informação a um policial de cá, e enquanto eles estavam conversando o “cara” da moto perseguida arrancou. O policial uruguaio sobre sua moto, de capacete; o brasileiro, sem capacete, e a pé, quando viram que a moto perseguida arrancou – o brasileiro deu um pulo, sentou na garupa da moto do policial uruguaio e saíram a toda disparada em perseguição ao cretino que havia praticado furto do lado de lá. Podem fazer isso? Claro que não. Duas irregularidades: policial uruguaio perseguindo dentro do nosso território e policial brasileiro em uma moto sem capacete. Mas, foi um daqueles momentos em que não se pode parar para pensar – tem que agir! É por essas e outras, que está mais do que na hora de nossas autoridades sentarem-se e estudarem uma forma de alterar e/ou adaptar as duas legislações para agilizar as prisões. Ah … claro, esqueci, hoje em dia os meliantes, safados, cretinos têm mais direitos que os cidadãos de bem!!!
Mas, a notícia boa é que prenderam o assaltante. Quem teve o direito de levá-lo à prisão? Bueno, isto é história para a outra semana.