qui, 26 de dezembro de 2024

Variedades Digital | 21 e 22.12.24

Diretor Clínico do Hospital Santa Casa responde dúvidas sobre novo momento de enfrentamento ao Covid 19.

Desde o dia 17 de abril, com a flexibilização de algumas atividades comerciais, os santanenses passam a vivenciar o segundo estágio de restrição social em relação ao controle do Covid 19. Frente a um novo cenário de incertezas, o diretor clínico do Hospital Santa Casa de Sant’ Ana do Livramento, João José de Freitas, esclarece algumas dúvidas da comunidade

Os moradores de Sant’ Ana do Livramento podem procurar o pronto socorro do Hospital, em caso de outros sintomas que não sejam os de Covid- 19, pois esses já sabemos que devem entrar em contato pelo telefone disponibilizado pela prefeitura?

Dr. Freitas –  Sim. O Pronto Socorro continua atendendo Urgências e Emergências, como sempre. O desafio foi justamente atender essa demanda, já difícil por definição, e encarar a epidemia junto. Nesse sentido, estamos prontos. Isso foi possível graças a união de várias cabeças discutindo e planejando de maneira relâmpago. A comunidade entendeu muito bem a situação e fez sua parte. Posso garantir que o hospital também fez com a contratação de pessoal competente, mudanças rápidas e identificação de lideranças. Estabeleceu-se uma rede pré-hospitalar com o trabalho de médicos santanenses voluntários, do exército brasileiro, da prefeitura e da equipe do Hospital.

 

Quando iniciou o enfrentamento ao Covid-19 a diretoria Clínica alertou a população sobre as carências existentes. Quais foram as medidas tomadas ainda no começo da crise?

Dr. Freitas –Alertamos a administração Municipal de que era necessário adequar o hospital para o enfrentamento. Aderimos ao programa do Ministério da Saúde no sentido de aumentar nossa capacidade de atendimento na UTI e adaptá-lo aos requisitos de isolamento necessário ao atendimento do Covid-19.

 

Hoje, quantos leitos de UTI temos habilitados para o Covid-19? Quantos ainda devem ser implantados? O que estamos esperando para que isso ocorra?

Dr. Freitas – Nossa UTI tem a capacidade de atender 10 pacientes, sendo dois em isolamento. Era importante planejarmos uma ampliação, principalmente do atendimento isolado, de maneira garantir a segurança e reduzir a possibilidade de contaminação cruzada dentro do serviço. Podemos dizer que estamos preparados caso ocorra um aumento da demanda. Habilitamos uma nova e ampla área, junto à UTI, onde funcionava a enfermaria do SUS, que foi transferida para um novo local. Nessa estrutura pretendemos aumentar, se necessário, nossos leitos de isolamento.

 

E quanto à estrutura de atendimento?

Dr. Freitas – Caso seja necessário, temos nove médicos voluntários, na reserva, para reforçar a atual equipe de plantonistas da UTI e estamos contratando para a equipe de enfermagem. A equipe de enfermagem da UTI é competente, experiente. Tem uma liderança forte, comprometida com a qualidade. Estamos em condições de aumentar gradativamente nossa estrutura conforme as necessidades e do imprevisível rumo da epidemia em nossa cidade. Podemos dizer que estamos preparados! O atendimento das medidas preventivas por parte da população nos deu o tempo que necessitávamos. Quem possibilitou isso foi a comunidade. De uma maneira ou outra, dentro ou fora do hospital a comunidade agiu para superar os obstáculos. Hoje  contamos com uma área física ampla, com condições ótimas de isolamento, montada em tempo record! Trabalho de uma equipe composta até por ex-funcionários, que atenderam ao chamamento para o trabalho na urgência. A Comissão de Infecção Hospitalar (CCIH) foi reestruturada e forneceu o apoio e orientação. É impressionante como os conflitos são rapidamente resolvidos com harmonia. Várias cabeças, mesmos objetivos. Não sabemos, ninguém sabe, como será o inverno. Mas podemos dizer que estamos preparados para o pior.

 

Sabe-se também que havia carência de profissionais intensivistas, ou seja médicos especializados em atendimento para UTIs. De que forma o corpo clínico contornou esse problema?

Dr. Freitas – Médico Intensivista é uma joia rara, não só em Livramento. Entretanto, no ambiente de terapia intensiva se atinge a qualidade com o trabalho em equipe, integrado, de apoio mútuo, realizado de maneira a reduzir as deficiências individuais pela qualidade da comunicação e empatia.  A atual equipe médica e de enfermagem  foi formada há mais de três anos e experimentaram um crescimento notável, mesmo com as dificuldades conhecidas.

 

Espera-se que essa estrutura organizada até agora seja suficiente para  atender a maioria da população santanense? Qual seria o ideal?

Dr. Freitas – Acreditamos que sim. Considera-se que seja necessário 2,4 leitos para cada 10.000 habitantes, na pior das hipóteses, dependendo do comportamento da epidemia. E temos condições de atingir até 20 leitos se a realidade nos impuser e a ministério enviar a estrutura técnica para tal.

 

Fala-se em hospital de campanha. Como se deu essa parceria com o exército?

Dr. Freitas – O Exército tem dado uma colaboração inestimável. O hospital de campanha encontra-se dentro do planejamento, caso haja necessidade.

 

Qual a situação da a única paciente internada com Covid na UTI do hospital?

Dr. Freitas – Teve boa evolução e recebeu alta da UTI ontem.

 

Quais são os próximos passos? Sob o ponto de vista clínico e tb sob o aspecto estrutural?

Dr. Freitas – É unificar o Corpo Clínico e a sociedade em geral  em torno de metas o objetivos comuns de maneira que possamos contar com o Hospital que almejamos.

 

Quais os principais cuidados que a comunidade deve observar nas diversas faixas etárias que compõem a nossa população?

Dr. Freitas – Fortalecer os laços familiares e sociais. Exercer e aprimorar a Solidariedade.

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