sáb, 18 de janeiro de 2025

Variedades Digital | 11 e 12.01.25

Estiagem pode causar prejuízo de R$ 110 milhões no município

Segundo dados levantados pela Prefeitura a soja, o milho e a pecuária de corte e leite estão sendo profundamente afetados pela falta de chuva

Enquanto a pauta, na maioria dos noticiários do Brasil afora, é a pandemia de coronavírus, outro assunto tem preocupado os produtores do Rio Grande do Sul: a estiagem. A falta de chuva nos primeiros meses de 2020 vem desenhando um cenário crítico para algumas das principais culturas do agronegócio, entre elas a produção de soja, do milho e na pecuária de leite e de corte.
Estimativas de especialistas do setor têm apontado que até março, o Estado contabilizou mais de R$ 4,84 bilhões de reais em perdas, somente nas culturas da soja e do milho. Já são 229 municípios que decretaram situação de emergência devido à falta de chuvas. Além disso, as perdas na agricultura aumentam cada vez mais.
Em Sant’ana do Livramento, a Prefeitura decretou situação de emergência no dia 6 de março por conta da situação. O decreto 8.998 foi uma medida necessária frente à rigorosa estiagem que atinge toda a fronteira. Segundo o texto, o município não registra chuvas significativas desde dezembro do ano passado.
Apenas nos dois primeiros meses deste ano, o Departamento de Água e Esgotos percorreu mais de 6.000 km realizando o abastecimento de aproximadamente 300.000 L de água potável para consumo humano em mais de 12 assentamentos da reforma agrária (mais de 100 famílias) e seis escolas rurais com distâncias médias de 30 km em relação ao centro urbano.
O fornecimento de água através de caminhão-pipa, nessas localidades, foi a resposta imediata oferecida pelo município diante da escassez dos recursos hídricos e o esvaziamento dos poços, açudes e bebedouros locais que serviam para o abastecimento humano e também para a dessedentação animal. A diminuição dos espelhos d’água cria lodo nas margens dos açudes, compromete a qualidade da água e impede o acesso dos animais que atolam no barro e não conseguem realizar a dessedentação (matar a sede).
De janeiro até o momento, o Departamento Técnico da Secretaria Municipal da Agricultura concluiu 11 processos de licenciamento de novos açudes e a Patrulha Agrícola, programa de parceria que oferece serviços de açudagem com custos subsidiados, realizou 10 limpezas e a construção de um novo açude.
Conforme o Departamento de Meio Ambiente – DEMA, com a decretação de Situação de Emergência, as condições para licenciamento de açudes estão ocorrendo em condições diferenciadas permitindo mais agilidade frente aos desafios da crise. Na agricultura, as culturas mais afetadas foram as da soja e do milho e danos importantes já são percebidos na apicultura e no cultivo de legumes e hortifrutis.
Conforme dados da EMATER, dos 55.000 hectares semeados de soja, estima-se que aproximadamente 35% já estejam comprometidos pela falta d’água e calcula-se um prejuízo financeiro superior a R$ 60.000.000,00.
Conforme a mesma entidade, a situação relativa à produção de milho não é muito diferente. O prejuízo financeiro previsto se aproxima de R$ 3.500.000,00. Calcula-se que dos 3.500 ha plantados cerca de 40% já estejam comprometidos.
Na bovinocultura leiteira as perdas, até o momento, chegam a 50%. A produção esperada de 900.000 litros no período alcançou apenas metade disso, gerando um déficit financeiro de quase R$ 500.000,00.
Na pecuária de corte, os prejuízos serão sentidos mais a médio e longo prazo quando serão percebidos os impactos da desidratação no desenvolvimento dos rebanhos em crescimento na capacidade reprodutiva das matrizes.
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, e segundo o IBGE, o rebanho bovino do município é de quase 600.000 mil cabeças (575.447), dessas estima-se que 30% (172.634 matrizes) sejam matrizes reprodutoras com taxa média de natalidade ao redor dos 70% (120.843 terneiros), até o período projeta-se uma queda de 30% nesse índice no futuro (-36.252 terneiros), o que deve gerar um prejuízo próximo a R$ 50.000.00,00 para o setor pecuário.
Excluídos os gastos públicos, a soma dos prejuízos na agricultura e na pecuária já ultrapassa a casa dos R$ 110.000.000,00 e por certo terá forte impacto negativo na economia e arrecadação da cidade.

Matias Moura
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