Antes de desferir seu voto, Danúbio Barcellos disse que não aceitaria manipulação; o presidente do partido disse lamentar a forma como foi comunicado
Em meio aos discursos dos parlamentares na Câmara de Vereadores, durante a votação da abertura do processo de cassação da prefeita em exercício Mari Machado (PSB), nessa semana, um chamou a atenção. Antes de justificar o seu voto favorável à aceitação da denúncia, Danúbio Barcellos (Progressistas) anunciou sua desfiliação do partido.
“Eu não aceito manipulação. Eu estou fazendo esse desabafo porque eu sei da minha ética, da minha índole e do meu compromisso para com Sant’Ana do Livramento. Nós estamos vivendo, sim, um momento muito difícil e vergonhoso para a cidade, onde prefeito e vice estão sendo cassados. Eu nunca imaginei que eu pudesse, nesse espaço tão curto na política, estar vivenciando isso. Eu, nesse momento, quero dizer aos senhores que eu peço a minha desfiliação do Partido Progressistas e Deus que encaminhe o meu futuro na política. Eu quero que esse processo tenha andamento porque assim como foi com o prefeito Ico Charopen, é a mesma história com a senhora Mari Machado. Transparência e honestidade acima de tudo”, disse.
O discurso, em tom de reflexão, pegou a todos de surpresa no plenário João Goulart. Não pelo fato do seu voto ser favorável à abertura do processo, mas pela sua saída do partido que é filiado há oito anos. “O partido está tranquilo com essa atitude do Danúbio, foi uma decisão dele”, classificou o presidente do Progressistas, em Livramento, Humberto Paulo.
Segundo o presidente, um dia antes da votação, o Progressistas orientou os seus vereadores para a retirada de quórum. “Nós temos um compromisso moral, ético e profissional com a prefeita Mari. Nós combinamos que seria conveniente tirar o quórum nesse momento em que a prefeita estava em desvantagem numérica para a discussão da cassação”, explicou.
No dia da votação, os vereadores Evandro Gutebier (Republicanos), Maurício Galo del Fabro (PSDB), Marco Monteiro e Antonio Zenoir (PSD) não estavam na cidade. A base governista de Mari acreditava que postergando a votação para a próxima semana, poderia reverter a votação e não abrir o processo em desfavor da vice-prefeita. “A única coisa que nós estranhamos foi a forma que ele comunicou para sair do partido. Um assunto que foi tratado internamente ele expôs para a comunidade toda e isso ficou muito feio”, acrescentou o presidente.
“A gente lamenta a forma que nós fomos comunicados. Inclusive, eu acho que ele deveria primeiro conversar conosco sobre a nossa posição, ao invés de ter anunciado durante a sessão. Acho que a forma que ele fez foi impensada, não cumpriu com o acordo que nós tínhamos com a Mari e encontrou uma forma esdrúxula de sair do partido”, complementou Humberto.
Durante a sessão, uma possível falta de espaço no Progressistas para que Danúbio fosse o candidato a prefeito, foi levantada. Questionado sobre o assunto, Humberto disse que era ao contrário. “O Progressistas tinha, até então, quatro candidatos a prefeito: Cesar Maciel, Danúbio Barcellos, Carlos Nilo e Miguel Pereira. Ele tomou uma decisão precipitada, porque nós sequer tivemos convenção partidária, acho que faltou um pouco de diálogo com o partido. Agora, eu espero que ele seja feliz”.