Cena bastante comum em cidades do interior, como Sant’Ana do Livramento, é ver pessoas visitando as praças das cidades em busca de um momento de lazer e tranquilidade. Embora, carentes de cuidados e reformas em suas estruturas, os espaços públicos santanenses continuam figurando como uma opção para essas pessoas.
Principalmente no verão, é comum que o movimento nesses lugares aumente, o que também aumenta é o número de crianças que, em período de férias, correm, andam de bicicleta e brincam entre as árvores e os bancos das praças.
Entretanto, uma situação bastante atípica e incômoda tem se tornado recorrente nesses ambientes, verdadeiros acampamentos estão sendo montados. Nas últimas semanas, o Grupo A Plateia tem recebido diversas reclamações de leitores e ouvintes cobrando uma resposta do poder público ao problema. Para isso, a Reportagem procurou o responsável pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), Rafael Castro, para entender como o órgão está lidando com o tema.
De acordo com o Secretário, a repartição tem feito buscas e através dessas ações já constatou que tratam-se de grupos diferentes de pessoas. “A Secretaria de Assistência, os técnicos, as equipes têm feito essas buscas e já te digo que são perfis diferentes. A gente foi ali na praça (Oriovaldo Grecellé) e é um perfil de jovens daqui da cidade, doble chapa como eles mesmo dizem e ficam cuidando carros ali”, comenta.
Já no Parque Internacional, Castro informa que o perfil já é outro. “Ali têm argentinos, têm uruguaios, têm chilenos que estão passando por aqui. A gente também fez a visita ali. É o perfil rotativo. Pode parecer que são as mesmas pessoas, mas é um trânsito. Eles estão passando por Sant’Ana do Livramento e eles ficam um tempo aqui fazendo malabares nos sinais para tentar arrumar algum dinheiro para continuar a viagem deles’’.
Quanto às providências, o Secretário diz que as medidas que podem ser adotadas pela SMAS são baseadas na orientação. “De início o que a gente faz é convidá-los para ficar em nossos serviços, que no caso é o albergue. A gente tem um espaço para que eles possam dormir, para que eles possam passar a noite, tomar um banho, jantar e tomar um café’’.
Porém, a maioria ainda prefere continuar em situação de rua. “Alguns deles não aceitam. Eles não querem porque, para fazer parte do albergue, eles precisam deixar todo o tipo de droga ou álcool, têm que tomar banho, mas eles não querem fazer isso. Da parte da Assistência a gente já fez esse convite”, pontua o secretário.
Sobre as reclamações da população quanto à presença dos sem-teto nesses espaços, Castro aponta que a SMAS não pode obrigá-los a sair. “Muita gente questiona e fala sobre a presença deles, que fica um mau cheiro, que gera insegurança, mas da parte da Assistência a gente não tem como coagi-los. A gente não tem esse poder de polícia. O que a gente orienta é que, se eles fizeram algo errado, que acionem a Brigada Militar, porque eles têm esse poder de polícia para fazer com que eles saiam dali”.
Ainda dentro da mesma discussão, é comum que os cidadãos santanenses levantem a questão: “Como isso não acontece nas praças de Rivera’’? Quem responde essa questão é Carlos Migorena, Inspetor Geral da Intendência da cidade vizinha. “No geral, chegamos e os convidamos a se retirar. A lei autoriza que a polícia atue nos casos em que o indivíduo esteja embriagado ou sob o efeito de substâncias entorpecentes, além de verificar se os mesmos não estão foragidos e se possuem antecedentes’’, informa.