A doença vem preocupando os especialistas da área por ser transmitida aos seres humanos por meio da picada de mosquito palha
A Fronteira está em alerta. Nesta semana equipes do Ministério da Saúde do Brasil e do Uruguai, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) do Rio Grande do Sul e de Rivera estiveram realizando em Sant’Ana do Livramento uma força tarefa por conta dos recentes casos de Leishmaniose visceral que foram detectados em cães, que vieram de fora do município. Até agora, segundo a Vigilância em Saúde de Livramento, contabiliza 11 casos confirmados da doença em animais de estimação. A grande preocupação das autoridades é para saber se o mosquito vetor (transmissor) da doença, mosquito palha, está contaminado pois a Leishmaniose Viceral pode ser transmitida facilmente para os seres humanos por meio da picada deste inseto.
A Leishmaniose Visceral é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo e conhecido popularmente como mosquito palha ou asa-dura,
Raposas e pequenos animais têm sido são apontados como reservatórios silvestres. No ambiente urbano, o cão é a principal fonte de infecção para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da doença, que são: emagrecimento, queda de pêlos, crescimento e deformação das unhas, paralisia de membros posteriores, desnutrição, entre outros.
A Leishmaniose Visceral é transmitida por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral.
Segundo o chefe da Vigilância em Saúde, Paulo Vargas, durante a força tarefa que aconteceu nesta semana foram espalhadas diversas armadilhas em pontos estratégicos do município com a finalidade de capturar estes insetos com o objetivo de encontrar o vetor. “Até hoje nós temos 11 casos de cães infectados, mas não temos o vetor. Então, essa força tarefa foi para tentar identificar se os mosquitos estão infectados. Sobre esses casos, os cães não são nascidos em Sant’Ana do Livramento, na verdade dois deles são errantes e não temos como saber de ondem eles vieram. Pelo levantamento que estamos realizando, os cães contaminados vieram de outros municípios alguns deles de canis, inclusive. Os exames deles deram positivo. E essa ação que chamamos de força tarefa é para identificar se existe algum mosquito contaminado. Mas até agora não encontramos nenhum”.
As amostras dos insetos que foram capturados em Livramento serão analisadas pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
Como é feito o tratamento da Leishmaniose Visceral?
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral tem tratamento para os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos utilizados atualmente para tratar a LV não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães.
Nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém eles continuam como fontes de infecção para o vetor e, portanto, um risco para saúde da população humana e canina. Neste caso, eutanásia é recomendada como uma das formas de controle da Leishmaniose Visceral, mas deve ser realizada de forma integrada às demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde.