qui, 26 de dezembro de 2024

Variedades Digital | 21 e 22.12.24

‘Me senti perseguida’, disse mulher que denunciou motorista de aplicativo por perturbação da tranquilidade em Viamão

Segundo Ana Paula Ribeiro, ele teria enviado mensagens para ela pelo Facebook, em dezembro do ano passado. Homem já é investigado após ser gravado por uma adolescente, supostamente a assediando, durante uma corrida.

A professora Ana Paula Ribeiro, 37 anos, é a autora da segunda denúncia contra o motorista de aplicativo André Lopes Machado, 43, por perturbação da tranquilidade. Ele já é alvo de investigações na Delegacia da Mulher de Viamão, após ser gravado por uma adolescente, durante uma corrida, supostamente a assediando. André foi banido da plataforma.

Ele teria enviado mensagens para Ana Paula pelo Facebook em dezembro do ano passado. Para pedir que ele parasse com as mensagens, ela conta que inventou que teria um tio policial.

“Me senti perseguida. Ele ficava mandando mensagem mesmo eu falando do meu tio. Eu inventei que teria um tio na Polícia Federal para poder parar com essa perseguição que ele estava fazendo.”

A primeira mensagem que Machado enviou foi no dia 24 de dezembro, conta a professora. Os dois não eram amigos na rede social. Ele teria escrito ‘Oi Ana, vamos nos relacionar? Estou hipnotizado pela tua beleza. Me dá uma chance?’

Foi então que Ana descobriu que ele também estava enviando mensagens para as amigas dela.

De acordo com Ana, ela respondeu: “Não te dei essa liberdade. Você nem sabe quem eu sou. Se continuar me incomodando vou passar o seu contato para o meu tio da Polícia Federal” , e ele questionou o que havia feito de errado.

“Você pode dizer o que eu fiz de errado? Só declarei que quero ser teu namorado, não disse nem uma palavra abusiva e de mau gosto. O teu tio da PF deve ter mais o que fazer do que investigar isso, né”, ele teria escrito na mensagem.

“Ele desdenhou o que eu disse”, ressalta Ana.

Segundo ela, uma amiga a avisou sobre o caso da jovem que havia denunciado o motorista com um vídeo de uma perturbação durante uma corrida pelo aplicativo, e ela decidiu acompanhar as notícias.

“Fui olhar o caso e vi que ele estava se colocando como vítima. Resolvi dar queixa para mostrar que ele não é vítima, ele faz vítimas”, disse a professora.

Ana afirma que as amigas que também receberam as mensagens de André, apagaram as conversas e por isso não registraram boletim de ocorrência.

Entretanto, a delegada responsável pelo caso, Jeiselaure Rocha de Souza, salienta que independentemente do caso, as mulheres que estiverem se sentido assediadas podem buscar orientação na delegacia para receber uma orientação.

“Nesses casos específicos, nesse tipo de delito, a palava da vítima tem muita relevância. Tem pessoas que podem não ter os prints, mas o importante é que essas mulheres nos procurem para que nós tenhamos as possibilidades de investigar, e só quando formalizam a denúncia é que a gente pode ter esse alcance”, esclarece.

Ela ressalta que a situação não é incomum. “Por isso estamos construindo essa fala, esse enfrentamento dessa cultura do estupro, do não ao assédio, justamente que as mulheres possam dizer não e sejam respeitadas em suas decisões. Que os homens tenham consciência dos limites no momento de fazer essa aproximação, porque é diferente quando o homem demonstra interesse em uma mulher e quando na verdade ele está apenas constrangendo essa mulher”, afirma.

Novo inquérito

O motorista prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (4), mas não se manifestou. Acompanhado de um advogado, Machado foi orientado a não falar.

“Ele falará só em juízo. Nós não tivemos acesso ao inquérito e eu prefiro comentar qualquer coisa só após análise”, disse o advogado José Maria Bretos Navarro.

De acordo com a delegada Jeiselaure, um novo inquérito policial foi aberto para investigar a denúncia.

A polícia afirmou que outras mulheres já foram ouvidas informalmente, mas não registraram boletim de ocorrência.

Pela primeira denúncia, ele foi indiciado pela Polícia Civil por perturbação da tranquilidade, na semana passada.

Depois, um segundo inquérito foi aberto, por difamação, em função das declarações que deu à imprensa após o primeiro depoimento. Essa investigação ainda está em andamento.

Na entrevista, o motorista afirmou que a adolescente “estava com um short do ‘tipo Anitta’, uma miniblusa, com as pernas abertas no banco, me chamando atenção”.

A cantora usou as redes sociais para comentar o caso e criticar o motorista.

“Quanto à menina estar usando um short ‘tipo Anitta’, pra mim significa que ela é independente, não tem medo de ser quem ela quer e, acima de tudo, bem inteligente pra denunciar e expor um assediador para que outras meninas não passem pelo mesmo que ela”, escreveu Anitta.

“Ele difamou com as declarações dele dentro do prédio da polícia. Não foram compatíveis e sem dúvida nenhuma ofenderam a honra da menina. Ela registrou ocorrência e foi dado andamento, ele será indiciado sem dúvida alguma.”

Fonte: G1/RS

 Foto: Jonas Campos/RBS TV

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