Segundo o Secretário de Obras, o equipamento não tem condições de retornar a funcionar
Em dezembro de 2015, um investimento de R$ 1 milhão era anunciado pelo então Prefeito de Sant’Ana do Livramento, Glauber Lima (PT), com a promessa de pavimentar o caminho do retorno da cidade até o progresso. A notícia foi recebida com muita esperança pela população santanense, porém, o retorno não atingiu as expectativas.
Em quatro anos, a usina esteve em funcionamento pouco mais de três vezes o que, de longe, não paga nem uma parcela do altíssimo valor investido. Em 2020, com as devidas correções monetárias, baseadas no indicadores do Banco Central, o montante pago em 2015 representaria cerca de R$ 1 milhão e meio.
Na última segunda-feira, dia 24, o vereador Aquiles Pires (PT), durante sua participação no programa Boa Tarde, Cidade, da rádio RCC FM (95.3), criticou o descaso do atual governo e disse que esse equipamento não poderia estar ocioso. “Primeiro o que é patrimônio público, não é desse ou de outro governo. O grande erro do governo atual foi ter deixado de lado a usina de asfalto. Isso aí é depredação do patrimônio público”.
Ainda sobre o assunto, Pires informou que, além da falta de projetos para a utilização da usina, algumas peças haviam sido retiradas. “Não sei se já foram recolocadas, se têm garantia e condições de funcionamento’’, aponta. Como sugestão, o edil observa o caso de outras cidades que também possuem usinas deste tipo. “Tem cidades que produzem o asfalto e o que sobra, vendem para cidades vizinhas. Podia ser feito aqui. […] Era pra ser uma solução e acabou virando um problema’’, pontua.
O governo, representado pela atual prefeita Mari Machado (PSB), rebateu as afirmações também durante a programação da rádio RCC FM (95.3), mas desta vez, na edição de quarta-feira, dia 26, no Jornal da Manhã. Ao ser questionada sobre o assunto, Mari disse que acha legítimo o questionamento do vereador. “Eles (a gestão anterior) só fizeram a utilização dessa usina no final do mandato. […] Eu já disse isso mais de uma vez, inclusive qual é a minha posição em relação à essa usina desde o começo’’.
Quanto à atual situação da usina e às denúncias do vereador do PT acerca do desmonte de peças, Mari afirma ter ciência dos fatos. “Eu tenho um relatório feito por uma equipe técnica em relação a essa usina e vai ser encaminhado ao Ministério Público (MP) com relação a responsabilidade da compra, utilização, retirada de equipamentos e condição que está hoje’’, comenta.
Já com base na sugestão de venda da usina, Mari reitera o desejo de comunicar o MP sobre a situação do equipamento e informa: “O relatório que eu recebi impede inclusive a venda devido a situação em que ela está. É bem complexa essa situação’’.
A Reportagem do Jornal A Plateia também procurou o responsável pela Secretaria Municipal de Obras (SMO), Jair Pires, que concordou que o equipamento é mais um dos casos conhecidos como “elefante branco”.
O secretário endossou o coro que afirma a impossibilidade do retorno do implemento às suas atividades. “Na verdade, ela (a usina) não vai ser utilizada de novo porque não tem condições. Foram retiradas várias peças e ela não tem condições de funcionar’’, aponta.
Sobre a hipótese de um cenário onde a máquina precisasse ser reativada, Pires informa: “Só pra funcionar, seria necessário um investimento de aproximadamente R$ 15 mil só para que, com ela (a usina) funcionando, pudessem ser verificados os demais problemas”.O destino das peças retiradas é desconhecido, mas o secretário comenta que no levantamento realizado no setor, foi apurado que as partes foram removidas em administrações anteriores.
Até a publicação desta reportagem, a usina de asfalto passou por três governos diferentes em um período de quatro anos, mas nenhum plano de trabalho foi apresentado para justificar a sua compra.

