Entre as técnicas que estão sendo trabalhadas por controladores e produtores estão as jaulas e utilização de cães pastores
Sant’Ana do Livramento, assim como o restante do país e da América Latina, vem enfrentando, há vários anos, a problemática da praga do javali que destrói lavouras, atacas rebanhos e prejudica, financeiramente, centenas de produtores que têm perdas significativas, às vezes até milionárias. Dentro deste quadro, muitas pessoas e até organizações estão buscando alternativas para controlar e combater estes animais. Uma delas é Equipe Javali no Pampa, formada por profissionais santanenses que vêm há anos estudando o comportamento desses animais para poder assim desenvolver alternativas junto aos produtores, sociedade civil
e autoridades que visem diminuir o impacto deste invasor. Uma dessas alternativas foi tomada pelo Brasil com a elaboração do Plano Nacional de Combate e Controle do Javali que reúne diversos representantes de entidades e órgãos que estão trabalhando o problema ao nível de país. No início deste mês Livramento realizou um encontro promovido pelo Sindicato Rural de Livramento nos dias 31 de janeiro e 1° de fevereiro que possibilitou a troca de informações acerca dos problemas causados pelo javali, bem como os resultados que vêm sendo obtidos com aplicação de técnicas de mitigação. Coordenado pela Equipe Javali no Pampa, o encontro teve a participação de representantes do IBAMA, da Embrapa Pantanal, do ICMBio, do Ministério de Ganadeira do Uruguai, do Sistema Nacional de Áreas Protegidas-SINAP (Uruguai) e de ovinocultores da região de Tacuarembó. Na sexta, dia 31, houve explanação teórica dos participantes, onde o foco foi os resultados já obtidos pelo Projeto Javali no Pampa, além de relatos de produtores uruguaios que vêm sofrendo perdas na ovinocultura em áreas próximas a às florestações. Foi ressaltado pelos técnicos do javali no Pampa, a eficiência na utilização do protocolo de controle com jaulas, que permite otimizar o tempo de esforço e também retirar vários indivíduos ou toda a vara de uma só vez do ambiente. Já no sábado, 1° de fevereiro, a ênfase foi em técnicas de mitigação, com visita a uma propriedade rural no interior do município onde está sendo utilizado manejo com cercas elétricas e cães de pastoreio da raça Maremanno. Foram apresentadas as etapas de adestramento dos cães e também adaptações que melhoraram a eficiência do cerceamento elétrico, estabelecendo a chamada “zona de exclusão”, onde o rebanho permanece em área sem acesso de porcos. A utilização destas técnicas constitui um importante instrumento para o produtor manter sua cultura com o mínimo possível de perda frente à pressão das varas asselvajados. Em linhas gerais, o encontro também permitiu evidenciar aos representantes dos órgãos governamentais presentes, brasileiros e uruguaios, a carência de um programa de controle abrangente, estruturado, que envolva vários seguimentos da sociedade, considerando os impactos e os riscos do problema javali.