Fernanda Nunes Pereira está em um cruzeiro de Ano Novo Chinês desde o ano passado e fala sobre as mudanças após o novo coronavírus se espalhar pelo mundo
Rodrigo Evaldt | [email protected]
Desde que surgiu em Hubei, província epicentro do coronavírus na China, o número de casos confirmados de Covid-19, doença provocada pelo novo vírus, subiu na China para 59,8 mil, de acordo com o balanço divulgado nesta semana, com um aumento de 33,87%.
O crescimento no número de registros está ligado à mudança na metodologia: os relatos apontam que na nova metodologia a análise dos médicos em consultório está contando com apoio de exames de imagem (como radiografia e tomografia), cujos resultados ficam prontos mais rapidamente. Antes, era necessário esperar o resultado de um exame de RNA (ácido ribonucleico) para comprovar a infecção por Covid-19.
Quarentena
Desde que os casos do novo coronavírus foram registrados, vários meios de transporte estão passando por quarentena. Nesta semana, o Jornal A Plateia conversou com a santanense Fernanda Nunes Pereira, que está em um cruzeiro de Ano Novo Chinês.
Desde o dia 26 de janeiro, a companhia para qual ela trabalha suspendeu a entrada de novos passageiros e as pessoas que trabalham na embarcação, como o caso de Fernanda que atua no entretenimento, permanecem em quarentena. “Estou no navio desde junho de 2019, com previsão de retorno em março, sendo otimista”, disse Fernanda contando que a Companhia prorrogou o tempo de permanência dos contratados até o fim da quarentena.
“Estamos desde 26 de janeiro, por decisão da companhia sem operar com passageiros. Passamos 3 dias no porto de Xangai pra embarcar suprimentos, saímos de lá e fomos rumo ao Japão mas sempre em quarentena, quer dizer que ninguém pode sair nem entrar no navio. Desde então, estamos entre um porto e outro do Japão. Nós ficamos 17 dias sem poder sair do navio”, complementou.
Testes de Saúde
Segundo Fernanda, toda vez que o navio para em um país diferente, eles precisam passar por testes de temperatura. “E precisamos fazer declaração de saúde. A nossa dificuldade em embarque e desembarque de tripulantes está sendo nas restrições adotadas pelos países asiáticos, que na tentativa de conter o vírus estão impondo condições pra que possamos ficar no porto. A Coréia do Sul, por exemplo, não nos autorizou a ficar no porto de Yeosu. Nós ancoramos a alguns quilômetros do porto e os agentes vieram de barco até nosso navio pra poder recolher as declarações e examinar todos os tripulantes”, explicou.
Situação atual
A santanense conta que está em Kagoshima (Japão). No local, eles autorizaram apenas a descer no terminal, mas não poderiam passear na cidade e fazer compras. “Por sorte, a nossa companhia está tomando todas as providências para que fiquemos seguros. Mas, enfim, o único ruim está sendo a questão de que muita gente já deveria ter desembarcado mas teve seu contrato estendido porque não tem como desembarcar”, disse Fernanda confirmando que o contrato dela também já havia acabado.
Brasileiros
Ao todo, no navio são 11 brasileiros, sendo dois gaúchos. Um de Porto Alegre e a santanense, Fernanda. “É complicado ficar tantos dias no navio, mas a galera procura manter a calma. A gente sabe que é pro nosso bem e segurança”, afirmou.