Pablo Henrique Moreira Vargas Golombiewski morreu ao ser atingido. Polícia trabalha com hipótese de legítima defesa
Na noite de 12 de dezembro, ao descobrir que sua esposa iria trabalhar e não voltaria mais para casa, Pablo Henrique Moreira Vargas Golombiewski, 25 anos, teria passado a agredi-la com socos na cabeça. Enquanto era espancada, a mulher de 38 anos diz ter visto uma faca sobre a pia da cozinha. Em um ato instintivo, conta que pegou o objeto e perfurou o marido com golpe no abdômen. Ao vê-lo tombado no chão da casa onde viviam, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pediu ajuda aos vizinhos, mas Golombiewski não resistiu. Morreu por hemorragia.
Ele viu que eu estava diferente. Descobriu que havia escondido meus documentos e desconfiou. Eu não tinha intenção de fazer isso. Me assustei porque os golpes na cabeça eram muito fortes, queria mesmo era me defender — conta a mulher, que preferiu não ser identificada.
Desde aquele dia 12, uma quinta-feira, a mulher não retornou mais ao endereço onde vivia com o marido. Conta estar recebendo ameaças de pessoas próximas a Golombiewski.
O delegado Cassiano Cabral, da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital, afirma que os indicativos até o momento são de que a mulher tenha agido em legítima defesa. O inquérito deve ser remetido à Justiça no começo de janeiro e ela não deve ser indiciada.
— A tese de legítima defesa ganha mais credibilidade por ter sido uma facada só — explica o delegado.
Golombiewski e a mulher se relacionavam há cerca de um ano. Casaram em setembro e passaram a morar em uma casa no Rubem Berta. Segundo ela, já na época do namoro ele puxava seu cabelo e dava empurrões.
— Pedia desculpas, dizia que era brincadeira e que iria mudar. Era calmo para conversar, simpático e atencioso — recorda.
Após o casamento, ela conta que as agressões se intensificaram, especialmente quando ela passou a manifestar o desejo de se separar. Segundo a mulher, ela começou a apanhar com cabo de vassoura, além de ser atingida com socos e pontapés. No trabalho, precisava esconder as marcas das agressões com maquiagem. Ainda assim, diz que os colegas percebiam que algo estava acontecendo:
“Uma vez deu com controle remoto na minha testa. Em outra, quebrou um cabo de vassoura nas minhas pernas. MULHER 38 anos
— Quando passou a ficar muito agressivo, conversei com ele, dizia que queria terminar, que era melhor cada um ir para um lado e seguir sua vida. Mas me dizia que eu não iria me livrar dele assim. Uma vez deu com controle remoto na minha testa. Em outra, quebrou um cabo de vassoura nas minhas pernas.
Ela afirma que o marido tinha envolvimento com tráfico de drogas e, por medo de represálias, nunca denunciou as agressões à polícia. Segundo o delegado, Golombiewski tinha antecedentes por tráfico e furto.
— Me sinto chateada pelo que tive de fazer. Não queria fazer isso. Foi pelo susto. Se continuasse estas brigas violentas, quem iria morrer era eu. Me dava muitas pancadas na cabeça. Minha intenção não era matar, era fugir. Ia sair com a roupa do corpo e não voltaria mais.
Depois de dar a facada, a mulher precisou usar o telefone do marido para chamar o socorro. O aparelho dela havia sido quebrado por Golombiewski. Desde a morte, ela se mudou para longe do antigo endereço.
— Estava numa situação que não via mais saída. Tentava conversar, mas ele só falava por agressão.
Fonte: Gaúcha/ZH
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