O presidente da entidade Luiz Carlos D’Auria Nunes destaca que as perspectiva são excelentes para o setor, sobretudo na pecuária pela valorização do produto e para a safra de grãos que poderá ser recorde
Os vários setores que envolvem o agronegócio brasileiro têm motivos de sobra para comemorar a chega de um novo ano que traz boas perspectivas para o país pelos excelentes números contabilizados em 2019, sobretudo no segundo semestre. Como, por exemplo, o aumento nas importações de carne para a China que valorizou o preço pago aos produtores lá no campo e a boa notícia da abertura de novos mercados para a exportações de arroz para países como México.
Segundo dados divulgados neste mês pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para o próximo ano é de R$ 617 bilhões (com base nos dados de novembro). Um crescimento de 2,1% em relação ao valor obtido em 2018, que foi de R$ 604,5 bilhões. Com a nova estimativa, o valor deste ano se iguala ao VBP de 2017, o maior já registrado e considerado excepcional para a agropecuária do país.
Dentro de contexto de crescimento, o presidente da Associação Rural de Sant’Ana do Livramento, Luiz Carlos D’Auria Nunes, pontua que a produção do município tende a acompanhar esse crescimento. “Temos uma expectativa muito boa. Mais sólida do que esse ano de 2019, embora estejamos fechando o ano com ótimos preços, principalmente no setor pecuário, e com uma otimização muito grande com a colheita de mais de 35 milhões de toneladas com a safra de grãos em todo o Brasil, isso repercute aqui no nosso município. Então, há uma projeção bastante satisfatória e compensatória em relação ao que foram os anos anteriores, que foram difíceis e ainda estamos colhendo essas dificuldades”.
Estradas rurais um desafio
O presidente destaca que o município não é diferente do país em termos da sazonalidade da pecuária e que enfrenta os mesmos desafios, embora em uma escala um pouco menor. Dentro das principais dificuldades apontadas por D’Auria está o escoamento da produção por causa da condição das estradas rurais. “Nós não temos problemas de logística, porque as nossas propriedades não estão tão longe dos centros de distribuição desses produtos. O que nós temos é um problema de qualificação das nossas estradas rurais. E essa é uma equação que há anos se vê falar. Então, o que acontece é que a nossa produção fica trancada. Hoje, com uma série de modificações nos frigoríficos onde o gado não pode chegar machucado, muitas dessas empresas não querem carregar o gado aqui pelas condições precárias das estradas. E, isso gera uma série de problemas porque os animais precisam ser tropeados muitas vezes. Então, tudo isso é um planejamento que precisa ser melhorado em termos de município para se ter um resultado melhor para as nossas finanças”
Valor de imposto destinado a manutenção de estradas
Segundo o presidente D’Auria, foi realizado neste ano um estudo sobre a possibilidade de parte do Imposto Territorial Rural (ITR) ser destinado à manutenção e recuperação das estradas rurais, sendo este recurso supervisionado pelo sindicato rural. “Nós já tivemos várias reuniões sobre este tema, independente disso, no próximo ano nós temos um projeto que é prioridade para nós, que é a zona do Itaquatiá e Upamaroti onde estão as terras agriculturáveis e a última fronteira agrícola sul, porque lá é uma zona problemática na questão de saída dos produtos. Então, neste projeto nós estamos pensando em um grande projeto de infraestrutura porque muitos produtores querem vir para cá, porém não têm como tirar a produção quando é um período de muita chuva. Para isso, nós estaremos indo a Brasília, junto com uma comissão da FARSUL, com um projeto que está nos papéis ainda sendo montado para desenvolver essa parte do município.
Ano do planejamento
O ano de 2019 foi marcado pela comemoração dos 100 anos da Associação Rural, neste sentido, o trabalho da diretoria teve como foco o planejamento de atividades para os próximos anos. O presidente destaca que o agronegócio mudou e os desafios do setor passam por muitos planejamentos, ainda mais em um sindicato que possui um grande patrimônio como é o caso dos custos para a manutenção e funcionamento do Parque de Exposições Augusto Pereira de Carvalho. “Este ano foi para o planejamento, já que foi o primeiro ano em que os sindicatos sentiram o impacto, pois deixaram de receber a verba da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) que era uma verba importante com a qual poderia se fazer um planejamento melhor. Com isso, houve uma restruturação no nosso sindicato na forma de trabalho para começar 2020 com uma nova linha estrutural que passará por várias etapas. A primeira delas é com essa incorporação do empreendimento Altos da Rural que se inicia já em janeiro. Projeto esse que será um marco divisório na construção civil em Livramento, aonde pretende-se construir nos próximos 4 anos 860 unidades habitacionais” destacou.
Feiras deixarão de ser oficiais
Outra mudança que a Associação Rural terá, será na realização das tradicionais feiras, que a partir de 2020 deixarão de ser oficiais. “Essa não é uma medida isolada do nosso sindicato, mas de outros também, o que nos permite uma participação de um número maior de produtores que possam levar seus animais sem baixar a qualidade. Sobre as nossas feiras de 2019, começamos com a de ovinos que não foi muito boa porque tivemos aquela quantidade de chuva que acabou afetando a comercialização pois em algumas propriedades não foi possível tirar a produção. Quanto à Expofeira, nós conseguimos igualar as ótimas vendas de três anos atrás quando se faturou na casa dos 4 milhões, o que nos coloca no ranking do Estado entre as principais feiras de genética bovina em faturamento. Inclusive competindo com Esteio porque a nossa feira é somente de animais. Isso foi um grande vitória dos nossos produtores que estão se qualificando e abrindo novos mercados e com isso a nossa genética passa a ser reconhecida e competitiva. Este ano, inclusive, tivemos uma surpresa com compradores de Minas Gerais adquirindo animais na feira. Então, esperamos repetir este bom desempenho para o próximo ano” destacou.
Outro projeto, que faz parte do planejamento da Associação Rural para o município, é a união de todos os seguimentos do agronegócio beneficiando assim todos os produtores e todas as regiões. Nós estaremos buscando o apoio de todos os produtores, porque o que muita gente não sabe, o nosso município se divide em algumas zonas. Nós temos a região do basalto, a zona do arenito, outra zona produtiva é o Upamaroti e ainda temos as zonas de transições. Então, várias atividades agropecuárias são desenvolvidas nessas aí. Há mais de 20 anos se descobriu que o paralelo 31 tinha todas as características para plantação de uva, e assim vieram as vinícolas. Agora, de uns anos para cá são as oliveiras que estão entrando muito bem. Já na zona do basalto, embora de uns anos para cá tenha caído bastante a produção de ovinos, é uma região própria para a criação de ovelhas, a nossa associação através da figura do vice-presidente Jair Menezes vem fazendo um trabalho forte para recuperação dos rebanhos. Nós temos, também, dentro da zona do basalto, os produtores que ficam dentro da APA do Ibirapuitã, nós já estamos entrando com o pedido para que todos esses produtores que possuem terras nessa zona sejam isentos de ITR (Imposto Territorial Rural) porque eles têm limitações para produzir. Temos, também, a nossa genética pecuária que já está desenvolvida e temos, também, mais ou menos 60 mil hectares de áreas agriculturáveis que ainda não estão sendo aproveitadas pela questão das estradas. Então, neste trabalho que nós vamos fazer e estamos levando junto ao SENAR é para que se traga investimentos de fora para promover o desenvolvimento de todo o nosso município com uma logística adequada e um custo mais baixo. Unindo assim todo o setor agropecuário”.