A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) traz um balanço positivo para o setor orizícola em 2019. O aumento das exportações, especialmente para países da América Central e Caribe, bem como ações junto aos governos estadual e federal para auxiliar o produtor a diminuir os custos de produção, mostram um cenário de conquistas e expectativas para 2020.
O ano-safra, que finaliza em fevereiro próximo, tem projeção de exportações de 1,2 milhão de toneladas do grão, acima da média histórica, a qual fica em 1 milhão de toneladas. O presidente da entidade, Alexandre Velho, explica que este volume se deve ao câmbio alto somado à abertura de novos mercados, como o México. Em outubro, foram embarcados 11 contêineres para o país, com 275 mil quilos de arroz beneficiado. “Estamos para confirmar mais 20 mil toneladas”, adianta. Também estão previstas 60 mil toneladas para a Venezuela e 20 mil toneladas para a Costa Rica de arroz em casca entre janeiro e fevereiro. “Temos condições de aumentar as exportações em 20%”, avalia Velho, indicando o interesse de nações como Iraque, Irã e Egito, que atualmente não compram do Brasil. No caso mexicano, a previsão é de que se estabeleça uma continuidade nos envios, devido à seca prolongada e à diminuição de área de plantio nos Estados Unidos.
Já em mercados asiáticos, como China e Índia, a limitação de uso de água está ocasionando o aumento das importações de produtos como arroz nessas regiões. Porém, o Brasil tem a concorrência norte-americana no suprimento desta demanda, bem como um gargalo nas operações logísticas, que necessitam de um transporte adequado por mar. Atualmente, os maiores compradores do arroz brasileiro são, Venezuela, Costa Rica, Peru e Senegal.
Em relação ao mercado interno, a estimativa é um crescimento do consumo no Brasil na ordem de 2,9%, enquanto a produção continuará estagnada – a estimativa é 10,5 milhões de toneladas, contra 10,3 mi em 2018. No Estado, projeta-se produção de 7,1 milhões de toneladas. “Acreditamos que o arroz vai pegar carona com a carne e terá outro patamar nas gôndolas dos supermercados, mas o impacto para o consumidor não deve ser significativo no contexto geral”, avalia Velho. “Hoje, a cotação média paga ao produtor está em R$ 49 a saca, quando deveria estar acima de R$ 50”, acrescenta.
Como solução, a Federarroz estimula um sistema de produção que implementa a integração lavoura-pecuária, com o plantio de soja e da criação de gado em conjunto com o arroz. De acordo com Velho, estas iniciativas podem reduzir o custo de produção em 15% e aumentar a produtividade em até 20%. “Também estamos estudando a viabilidade de alternativas de culturas para a Metade Sul do Estado, que incluem milho e canola”, salienta.
Esta integração poderá ser vista em fevereiro durante a Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que será realizada de 12 a 14 de fevereiro na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa, em Capão do Leão (RS). Além das lavouras de arroz, soja e milho e das zonas de pecuária, uma das grandes inovações desta edição do evento é a instalação e utilização de um pivô central para irrigação do arroz. O equipamento é tradicionalmente usado para a soja, mas pode ser aproveitado também em outras culturas para a racionalização do uso da água.
Velho ainda ressalta a atuação da Federarroz na instituição de modelos de renegociação de dívidas dos produtores, bem como a pauta da reforma tributária para trazer competitividade ao setor no Rio Grande do Sul. “A diferença entre estados penaliza nosso produtor na venda para os grandes centros do Brasil”, analisa. Juntamente com estes dois temas, a entidade está colaborando com o grupo de trabalho criado pela Câmara de Crédito, Seguro e Comercialização do Ministério da Agricultura, a fim de melhorar o modelo atual de seguros. Em 2020, a subvenção para produtos agrícolas será de R$ 1,2 bilhão.