Os bastidores das reportagens mais marcantes para os repórteres do Jornal A Plateia em Sant’Ana do Livramento e Rivera neste ano
fazendo uma retrospectiva daquilo que mais marcou os integrantes da Redação. Com essas reportagens, o leitor pode viajar nos mais variados temas que foram relatados através dos textos dos nossos repórteres. Nesta semana, é a vez do João Victor Montoli, responsável pela produção de reportagens gerais e de esportes.
Por acompanhar o dia a dia da cidade, João foi testemunha ocular de muitos atendimentos de acidentes ao longo do ano de 2019. Além disso, ele está designado a atender a demanda de denúncias e pedidos de ajuda que chegam à Redação do Jornal. “Isso mexeu muito comigo, contar a história de pessoas que precisam de ajuda”, disparou João ao lembrar do ano que está terminando.
O que é o jornalismo para você?
“O jornalismo para mim significa tanta coisa, mas, eu começo classificando como uma oportunidade. Eu comecei trabalhando no administrativo do Jornal A Plateia e a direção me deu uma oportunidade de mostrar o meu trabalho em vídeos, que eu já fazia como aluno de Ciências Contábeis, na faculdade. De lá para cá eu comecei a fazer esses trabalhos pelos quais eu me apaixonei. O jornalismo para mim é muita coisa para mensurar em uma palavra, tornou-se uma paixão por aquilo que eu faço e quero mostrar; mostrar a realidade das pessoas para que os outros possam ver”.
Lições da vida de repórter
Ao fim da entrevista João disse que todas as histórias contadas por ele deixam uma lição de vida. “A lição que fica é que temos que reclamar menos, colocar-nos no lugar do outro para ver que a realidade é dura, mas, ao mesmo tempo, é gratificante, porque isso nos engrandece como seres humanos e acabamos nos posicionando de maneira diferente após vivenciar o que está acontecendo”.
entrevistados
O repórter conta que uma das histórias mais impactantes foi logo no início do seu trabalho na Redação: em junho, ele conheceu e escreveu sobre a luta de Maria Solange Furtado Cardoso, de 51 anos. A Sol, como gostava de ser chamada foi diagnosticada com câncer de ovário e buscava ajuda financeira para realizar sua cirurgia. A Reportagem foi publicada e três semanas depois Sol faleceu. “Saber que essa ajuda não aconteceu me marcou bastante. De alguma forma eu ajudei, mas não foi suficiente, pois a doença já tinha se espalhado”, relembrou.
Uma noite no albergue
João Victor lembra que outra reportagem impactante para ele foi no albergue municipal. Acompanhado do repórter Matias Moura, João foi contar como era a rotina de quem depende do serviço público. “Nós visitamos o local e contamos as histórias de muita gente que estava lá. Moradores de rua, pessoas de fora que estavam com os seus parentes no hospital e não tinham onde passar a noite e ambulantes que vendem produtos durante o dia e passam a noite lá”, lembrou.
Na reportagem realizada por eles, um dos personagens – como são chamadas as pessoas entrevistadas – era o Leonardo: há quatro anos ele perdeu sua mãe e entrou em profunda depressão indo parar nas ruas, passando por tratamento no Centro de Referência de Assistência Social. “Contamos a história do Leonardo e de várias pessoas que estavam no albergue, em vídeo, e mostramos a realidade que, muitas vezes, as pessoas não veem e acham que não acontece esse serviço. Nós gravamos no inverno, era muito frio e o que eles tinham para oferecer lá era um prato de comida, uma cama, uma coberta e isso para quem precisa é muito e, às vezes, nós reclamamos de barriga cheia”, comentou.