A cantora santanense Nicole Carrion conseguiu um feito inédito para Livramento: a premiação de melhor intérprete do maior festival nativista do Estado
Aquela guria com voz e sonhos de criança, que cantava dentro de casa o dia todo, com seus vestidos de prenda e, que mesmo muito pequena, encantava plateias Rio Grande afora, cresceu e hoje, possui uma voz firme e doce, ao mesmo tempo, o que lhe possibilitou conquistar a maior honraria da música gaúcha: o troféu de Melhor Intérprete da 41ª edição da Califórnia da Canção Nativa, além do segundo lugar com a composição Guria, com letra de Jaime Ribeiro e música de Maxsoel Bastos de Freitas.
Aos 22 anos, e com uma carreia musical que lhe rendeu mais de 100 premiações em festivais de música, Nicole Carrion diz não acreditar no momento mágico que tem vivido nos últimos dias desde a conquista na cidade de Uruguaiana, um momento que nunca mais sairá da sua memória pois vencer em um palco que já consagrou os maiores cantores do Estado e de onde saíram verdadeiros clássicos do cancioneiro gaúcho é motivo de grande alegria e felicidade. Ainda mais por ela ter crescido cantando as músicas da Califórnia.
O festival, que é considerado o embrião do movimento nativista no estado, foi criado em 1971 com o objetivo de dar oportunidade aos músicos gaúchos de expressar a sua arte, hoje 48 anos depois renasce após alguns anos de dificuldades financeiras, consagrando a nova geração da música regional.
Nicole faz parte dessa nova geração, que pode ser vista no palco do Teatro Municipal Rosalina Pandolfo Lisboa.” Estou muito feliz. É uma coisa que jamais vou esquecer, foi mágico. O público nos aplaudiu de pé. Também fomos escolhidos como a melhor música pela votação popular. Essa conquista só possível pela entrega de todo o time que subiu no palco com a mesma emoção. Aqui de Livramento fazia parte do time o Juan Winz. O mais legal dessa música, “Guria”, é que ela é uma resposta à música “Guri” que ficou imortalizada na voz do César Passarinho. É a resposta da “filha do seu Bento”, uma grande sacada dos autores: o Jaime Ribeiro e o Maxsoel Bastos de Freitas, que acabaram me presenteando com a interpretação. Sou muito grata a eles por isso” contou.
A cantora também comenta a importância deste novo momento da música regional, com a afirmação de novas intérpretes, musicistas e compositores em meio ao cenário que há pouco tempo tinha uma predominância masculina. “A “Guria” vem neste momento que é muito importante não só para a nossa música mas também para toda a sociedade. O que a gente ouviu das pessoas nos deixou muito felizes, pois, afinal a nossa música veio da fase local e conseguiu conquistar essa premiação em meio a tantos músicos qualificados. Isso nos enche ainda mais de orgulho”.
Revirando as pastas com recortes de jornais, credenciais e fotografias, o pai da cantora, Glademir, não escondia o sorriso ao falar da grande conquista da filha. “Foi muito emocionante porque a gente sabe o quanto ela ama o que faz. No momento não consegui me conter. São tantos anos indo a esses eventos, dormindo no chão muitas vezes, saindo direto do trabalho para a estrada. Horas sem dormir. Mas é neste momento que a gente vê que tudo vale a pena. Parabéns a Nicole que se dedicada muito aos sonhos dela”.
Já a mãe, Ana Carrion, é a maior fã e incentivadora da carreira da filha. Segurando na mãos uma fotografia de quando Nicole era pequena, Ana disse se sentir muito feliz com o caminho trilhado por ela, que mesmo entre os compromissos da faculdade de jornalismo consegue conciliar a sua carreira musical. “Ela vivia cantando dentro de casa. Era sua brincadeira favorita. Até que um dia me disseram para colocá-la em uma aula de música. E assim a gente fez. Mesmo não tendo nenhum músico na nossa família, achamos importante para o desenvolvimento dela. E está ela aí nos enchendo de orgulho”.
Nicole Carrion adiantou que novos projetos musicais vêm aí em 2020, e que vai continuar participando de festivais, além de tocar a sua carreira solo. Questionada sobre uma possível participação no The Voice Brasil ela disse: “Quem sabe, seria a realização de outro grande sonho”.
Matias Moura
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