RETROSPECTIVA 2019 – NA VISÃO DE Wáshington Pereira

Os bastidores das reportagens mais marcantes para os repórteres do Jornal A Plateia em Sant’Ana do Livramento e Rivera neste ano

O fim do ano chegou e com ele a possibilidade de se fazer uma avaliação do que passou. Todos os anos, o Jornal A Plateia apresenta aos seus leitores uma retrospectiva como forma de relembrar os meses para o jornalismo santanense. Em 2019, a retrospectiva será um pouco diferente.
Cada um dos repórteres do Jornal mostrará os bastidores de alguns dos fatos mais marcantes para esses profissionais e que, com certeza, impactaram no cotidiano daqueles que vivem na Fronteira da Paz.
Nesta segunda reportagem, o jornalista Wáshington Pereira, da editoria de Espanhol, será o entrevistado. Com 26 anos dedicados ao jornalismo, Wáshington é conhecido por dar sempre – em primeira mão – o que acontece em Rivera, principalmente no que diz respeito às matérias policiais. “Sem dúvida os casos policiais são os casos que mais nos marcam”, disparou.

O que é o jornalismo para você?

“O jornalismo é paixão, é ação, é responsabilidade, e tem que senti-lo. É como digo sempre, jornalista nasce e não se faz. Um jornalista pode se aperfeiçoar e aprender a teoria, mas para fazer jornalismo, é necessário sentir na alma”.

Ser jornalista e ser pai

Na última década, Wáshington contou em detalhes os casos que apareciam em Rivera. Com a excelência da investigação da Polícia de Rivera, vem se descobrindo e aumentando a punição para casos de abuso sexual de menores na cidade vizinha uruguaia. Porém, nem sempre a prevenção se dá de forma efetiva, por se tratar de um tema muito complexo e casos chegam ao extremo, como foi em 2019, quando da morte de Ana Clara da Silva Palombo, de 4 anos de idade.
“Sem nenhum tipo de dúvidas este ano de 2019 – nos quebra na hora de falar porque antes de ser jornalista, sou pai de duas meninas de 4 e 9 anos – no dia 26 de julho, chega uma informação que nos tocou muito forte: eu estava fazendo uma transmissão junto com Marcelo Pinto na Intendência de Rivera, quando toca o celular e nos avisam que uma menina de apenas 4 anos de idade, Ana Clara da Silva Palombo, havia sido abusada sexualmente, brutalmente golpeada e assassinada pelo homem que era companheiro de sua mãe”, relata.

Início das investigações

Através do trabalho de Pereira, as informações foram publicadas já nas primeiras horas: Ana Clara havia sido internada em um Hospital privado de Rivera com várias lesões internas e os médicos decidiram transferi-la, imediatamente, para a capital, Montevideo. Faltando 100 km para chegar à capital, ela morreu.

As histórias se repetem

Como a investigação se dá de forma mais intensa em Rivera, é recorrente o número de casos impactantes tendo crianças como vítimas descobertos pela polícia. “Nós vimos, em 2017, com Jhoana Valentina, em 2013 com o pequeno Inti e voltamos a viver neste ano com Ana Clara”, lembrou Wáshington.

Olhar de uma criança

Ao recordar, o jornalista se emocionou bastante e contou que, após fazer a cobertura, o retorno para casa foi mais impactante ao ver suas filhas. “Quando cheguei em casa, muitas lágrimas caíram, porque quando abri a porta e vi minhas duas filhas, Luana e Fiorella, vindo correndo me abraçar, isso foi algo que me tocou!”
“Na hora de informar, temos que ser profissionais e imparciais. Mas, sem dúvidas, neste 2019, o homicídio de Ana Clara foi o que nos tocou e nos marcou. É um caso do qual nunca vou esquecer”, encerrou.