Para a presidente da Assandef, o mundo ainda não é acessível
Na última terça-feira (3) foi comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A data busca ampliar a inclusão dessas pessoas na sociedade, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência.
Sílvia Dias, presidente da Associação dos Deficientes de Livramento (Assandef), vê o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência com certa preocupação, pois ainda existem locais que ela não pode freqüentar por falta de acessibilidade: “Nós, deficientes, temos que nos enxergar como cidadãos. Precisamos mostrar para a sociedade que devemos ser incluídos em todos os setores, desde um prédio público com acessibilidade até uma calçada com boas condições de trafegabilidade. Atualmente, percebo uma grande exclusão de deficientes no mercado de trabalho, usamos a data para mostrar às pessoas que nós, deficientes, somos iguais e não somos menos valiosos do que alguém sem nenhum tipo de deficiência. Precisamos mudar a nossa cidade, os sócios fundadores da Assandef tiveram por objetivo fazer uma análise de todas as pessoas com deficiência e inseri-las na sociedade e somente vamos mudar isso batalhando”, conta.
Atualmente, a Assandef atende em média 100 pessoas por dia e a demanda cresce cada vez mais: “Espaço físico não falta, porém, temos muitos pontos de reforma. Este prédio (na Dorotheo Aguirre, 405 – Cohab do Armour) foi cedido pelo município e os profissionais que temos buscam cada vez mais atender com qualidade os assistidos. Outro ponto que, infelizmente, lutamos é pelo transporte, nossos assistidos muitas vezes não possuem carro e acabam vindo até a nossa sede de táxi e aplicativos de mobilidade, acabam gastando dinheiro para virem fazer uma sessão de fisioterapia e/ou massagem. A Prefeitura disponibiliza uma van, mas ainda é pouco, precisaríamos de um veículo ainda maior”, relata Silvia.
“Eu já deixei de prestigiar eventos na Prefeitura Municipal por falta de acessibilidade no Palácio Moyses Vianna”
A grande maioria dos prédios públicos não possui entrada com acessibilidade, até mesmo na rua dos Andradas, algumas rampas estão muito mal posicionadas, possuem elevações e pontos de grande dificuldade. Quando assumi a presidência, recebi vários convites para eventos, inclusive do Prefeito Municipal e o evento era no palácio Moyses Vianna, eu me recusei de entrar em dois eventos, pois a Prefeitura sabe que Assandef trata de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e mesmo assim fomos convidados algumas vezes. As leis existem, mas não são respeitadas, triste ter que passar por esse tipo de situação”.
“A maior deficiência não está no corpo do deficiente físico, mas, na alma do preconceituoso.” (Sebastião Barros)
João Victor Montoli
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