sáb, 19 de abril de 2025

Variedades Digital | 12 e 13.04.25

Redescobrindo a história da Fronteira à pata de cavalo

Jornada dos Cavaleiros da Paz em terras santanenses tem como objetivo resgatar a história de uma das principais regiões do Brasil.

Nem bem clareava o dia, os sons das esporas retiniam nas pedras brutas do galpão de pedra. Os semblantes escondidos por detrás de barbas cerradas, o rosto coberto pelos chapéus de aba larga. O silêncio e a calmaria da manhã são quebrados pelo som dos relinchos da cavalhada que escaramuça em meio às centenárias cercas de pedra, construídas no tempo da escravatura. Aos poucos, vozes e risadas no galpão vão acordando a manhã que se destapa por detrás da cerração.
Assim iniciou o dia, na quinta-feira (14), quando o Grupo Cavaleiros da Paz iniciou a sua cavalgada cultural pelos campos da Fronteira, partindo da histórica Estância São Miguel do Sarandi para percorrer, até este domingo, muitas distâncias pelos campos e corredores do Pampa. A nossa reportagem acompanhou a largada para essa grande aventura e pôde conversar com os membros deste grupo que iniciou suas atividades há 29 anos, sendo fundado pelo historiador, pesquisador, apresentador e advogado Antônio Augusto Fagundes, conhecido popularmente como Nico Fagundes, e outros gaúchos, entre eles o tropeiro santanense Tio Flor Magalhães, importante personagem da nossa história.

Um dos anfitriões, que abriu as portas para receber o grupo na Fronteira, foi Bento Brochado, que disse se sentir muito contente em poder fazer parte deste momento tão importante dos Cavalheiros da Paz, que ano que vem completam 30 anos. “Para nós, aqui da São Miguel do Sarandi, é uma grande honra poder receber essa gauchada e fazer novos amigos, desbravando a nossa terra, o Sarandi, o Caty e conectando com tanta história bonita. Essa aqui, por exemplo tem uma importância histórica. Estamos na 6ª geração da família e, pelo que a gente sabe, ela teve um papel muito importante no nosso passado de peleias e revolução. Na época desses conflitos, ela foi escolhida como ponto mais alto da região e serviu de vigia. Aqui, nós temos um marco do Exército, temos trincheiras antigas. Então, nessa cavalgada vamos passar por estes lugares, inclusive o antigo Quartel do Caty, que junto com a Estância São Manoel triangulava com a São Miguel, no tempo do código morse. Então, neste lugar, a nossa história está viva e presente, também, no sangue da nossa cavalhada” disse.
O objetivo da cavalgada é passar na última fronteira de batalhas da Revolução Farroupilha, com o objetivo de resgatar a história e cultura de terras onde se encontram grandes propriedades que preservam a vida primitiva do gaúcho. A intenção é dar visibilidade a esta região histórica e muito importante para o nosso Estado, que abriga campos e animais nativos do Bioma Pampa e fazendas históricas como São Miguel do Sarandi, Santa Eulália, Fazenda Boa Vista e Rancho Novo.


Para o santanense Gil Tozzati Fernandes, que é Cavalheiro da Paz, esta é uma oportunidade única de valorizar a nossa região que ainda guarda aspectos tão peculiares que são encontrados somente aqui. “Esta iniciativa é maravilhosa, pois, acaba valorizando a nossa região, que é tão rica e guarda traços do passado. Os nossos campos de basalto, próprios para a pecuária, fazem com que a agricultura não chegue aqui e, com isso, podemos preservar essa riqueza do Bioma Pampa. Temos que explorar isso, e de uma forma turística, então, essa cavalgada toma uma proporção ainda maior”, destacou.
Já o Gaúcho Barreto, que acompanhou o grupo em importantes cavalgadas em outros países e também faz parte da comitiva, disse estar contente em poder receber os amigos na sua própria terra para um resgate da História.

Outro integrante do grupo é Pedro Magalhães, filho do famoso Tio Flor que inspirou tantas histórias e virou até tema de música nativista pelo seu conhecimento do campo. Pedro lembra que desde guri já acompanhava o pai nas cavalgadas e agora segue o seu legado. “Quem me convidou foi o Tio Nico Fagundes para fazer parte. Naquela época, era gurizote e recém tinha dado baixa do quartel. Comecei a participar no apoio ajudando aos amigos a ferrar um cavalo, carregava panela com o Barreto que está aqui conosco (risos). Tenho muito orgulho de fazer parte desse grupo e do que meu pai representava. Acredito naquilo que o nosso fundador (Nico Fagundes) sempre falava, que o nosso lema é repassar por estes caminhos onde os homens iam guerrear, mas desta vez levando uma bandeira de paz e de fraternidade”.


De acordo com o presidente dos Cavaleiros da Paz, Caé Braga, a cavalgada histórica e cultural na região do Caty que encerra neste domingo dia 17, faz parte das cavalgadas regionais que buscam revisitar a história do nosso povo. “Estar no Quartel do Caty, por exemplo, é uma oportunidade de valorizar a herança que um dia foi de conflito e hoje se refaz na paz”, revela. “É uma ação importante dentro dos festejos dos 30 anos do nosso grupo e para o desenvolvimento cultural e turístico de regiões históricas, ainda mais tendo o apoio de produtores e famílias tradicionais da região”.

Ao som do hino rio-grandense tocado pelo músico Ricardo Martins ao violão e com os cavalos perfilados como uma carga de lança, os olhares mirando ao longe e o pé firme no estribo os Cavaleiros da Paz partiram para mais uma cavalgada redescobrindo as raízes do nosso povo e registrando mais um capítulo nas páginas da nossa história.

Matias Moura
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