Uma cena diferente foi vista durante o fim de semana, em frente a várias escolas municipais da região central de Sant’Ana do Livramento. O período de inscrições para vagas iniciou na segunda-feira (11). Dezenas de pessoas aguardavam na frente das instituições de ensino em busca de uma vaga para seu filho. Na Emei Fofolete, por exemplo, a primeira pessoa da fila estava desde quinta-feira (7) para garantir uma vaga para o maternal.
Mesmo com o risco de furtos, muitas pessoas passaram as noites nas filas, para terem a certeza que poderão deixar seus pequeninos em um local seguro para poderem trabalhar com mais tranqüilidade.
A mãe e trabalhadora que estava há mais de 24 horas na fila da Emei Joca Paiva, na esquina da rua Manduca Rodrigues com a Salgado Filho, comentou: “Vim na tentativa de buscar uma vaga para minha filha de três anos. Eu preciso para o turno integral pois trabalho. Moro no bairro Armour e trabalho em Rivera, pela logística, fica muito melhor para mim deixá-la aqui, pois, depois que saio do trabalho passo aqui para pegá-la e vou para casa com ela”, contou a 12ª pessoa da fila que não quis se identificar.
Solução ou elefante Branco?
Cerca de 500 vagas seriam criadas para suprir as necessidades de quem necessita utilizar as EMEI’s. Duas creches, uma localizada no bairro Simon Bolívar e outra na Vila Nova do bairro Brasília, porém devido à falência da empresa que realizava as obras, as creches não chegaram a ser entregues à comunidade.
A obra que foi financiada pelo Sistema Pró-infância, do Governo Federal, teve início em meados de 2014 e não foi concluída pela empresa MVC, que abandonou a construção após decretar falência. Com o abandono das obras pela citada empresa, criou-se um jogo de empurra-empurra entre Governo Federal, que diz que quem deveria zelar pelo patrimônio seria o Município, enquanto o Município alega que ainda não recebeu a obra concluída.
Enquanto essa queda de braço não é resolvida, a obra vem sofrendo vandalismo, depredações e furtos constantes como é o caso dos portões, grades, portas, placas, fiação e, o mais agravante de tudo, o telhado que está sendo levado aos poucos. Essas duas edificações que começaram a ser erguidas eram as primeiras do contrato que previa a construção de quatro creches modelo padrão com capacidade de atender até 250 crianças cada.
Cada creche obteve um orçamento inicial de 2 milhões de reais por possuir uma tecnologia inovadora que utilizava placas de fibra de vidro com isolamento térmico. Hoje, com o abandono da obra, as estruturas estão em ruínas causadas pela intempérie e pela ação de vândalos.
Enquanto a definição desta problemática não é dada pelo executivo, mães e pais têm de aguardar por dias no relento em busca de uma vaga nas instituições de ensino em nível municipal.
João Victor Montoli
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