A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (3) operação no Rio Grande do Sul e em Rondônia, em parceria com a Receita Federal, para desarticular um esquema que teria sido montado por uma rede de doleiros para lavagem de dinheiro no Brasil, no Uruguai e no Paraguai. Os investigados teriam movimentado mais de R$ 1 bilhão entre 2015 e 2019.
No Estado, mais de 80 agentes cumpriram 16 mandados de busca e 11 de prisão – 9 temporárias e 2 preventivas – em Porto Alegre, Novo Hamburgo e Santana do Livramento. Na Capital, uma das ordens judiciais foi cumprida em uma casa de câmbio em um shopping na zona sul da cidade. Outra casa de câmbio da cidade e uma terceira no Vale do Sinos também foram alvos. Os locais não tiveram nomes revelados.
Até as 9h30min, 10 pessoas haviam sido presas — os nomes ainda não foram divulgados. Foram três prisões em Porto Alegre, cinco em Santana do Livramento e duas em Ariquemes, em Rondônia, onde também foram cumpridos mandados judiciais. Falta prender um suspeito neste município.
De acordo com a PF, por meio do chamado “dólar-cabo” — sistema alternativo e paralelo ao sistema financeiro tradicional para remessa de valores entre doleiros —, suspeitos realizavam operações sem autorização, configurando vários crimes, principalmente lavagem de dinheiro, evasão de divisas, organização criminosa, entre outros. A chamada Operação Harpia é resultado de uma investigação que começou em 2018.
A PF destaca que o objetivo da ofensiva é apurar quanto do montante movimentado pelos investigados é ilegal e, por isso, são apurados a origem e o volume dos recursos ilícitos movimentados pelos doleiros. De acordo com a corporação, eles atuam na Capital e em Santana do Livramento, além de Rivera, no Uruguai, e Ciudad del Este, no Paraguai, utilizando principalmente madeireiras no Norte do Brasil, inclusive em região da flortes amazônica, para lavar dinheiro após as transações financeiras irregulares.
Esquema criminoso
De acordo com o delegado federal Daniel Cola, responsável pela investigação, havia três núcleos básicos. O primeiro era capitaneado por um doleiro uruguaio e responsável pela organização criminosa voltada para lavagem de dinheiro, tendo sede em Rivera, Ciudad del Este e Santana do Livramento.
O segundo núcleo tinha base em Santana do Livramento e Ariquemes, em Rondônia. Associado ao primeiro núcleo, os investigados realizavam exportação de madeiras, após lavagem de dinheiro, basicamente para a América Central e do Norte. A empresa responsável tinha base no Uruguai e as exportações ocorriam a partir do Norte do Brasil.
O terceiro núcleo tinha como sede Porto Alegre e Novo Hamburgo. Segundo o delegado Cola, era formado por doleiros que usavam duas casas de câmbio da Capital e uma de Novo Hamburgo. Também associado ao primeiro núcleo, estes suspeitos realizavam transações financeiras irregulares.
Fonte GauchaZH