Segundo dados divulgados pela EMBRAPA, as agroindústrias, hoje, representam aproximadamente 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no beneficiamento, na transformação dos produtos e no processamento de matérias-primas provenientes da agropecuária, promovendo dessa forma maior integração do meio rural com a economia de mercado. A pesquisa agropecuária tem contribuído para a melhoria da qualidade dos produtos agroindustriais, oferecendo soluções tecnológicas inovadoras e de grande impacto, como a biofortificação de alimentos, processo utilizado para aumentar o conteúdo nutricional de micronutrientes, como vitaminas e minerais específicos, por meio de técnicas de melhoramento convencional de plantas ou da biotecnologia.
Em Sant’Ana do Livramento, o setor está em plena expansão e diversificando cada vez mais a sua matriz produtiva, desde a comercialização de produtos cárneos e embutidos, a produção de outros gêneros como ovos, leite, doces caseiros, mel entre outros produtos
Atualmente, o município conta com 73 registros de agroindústrias e a possibilidade de vários outros projetos que estão em análise e em andamento no Sistema de Inspeção Municipal, setor ligado à Secretaria de Agricultura de Livramento, responsável pelos registros dessas empresas.
Só para se ter uma ideia do crescimento do setor no último ano, enquanto três agroindústrias encerraram suas atividades, oito novas empresas abriram as suas portas. Livramento, hoje, pode ser considerada uma cidade modelo na criação destes novos postos de trabalho que são uma alternativa bastante incessante para driblar a falta de emprego no comércio, por exemplo. Embora esse crescimento possa ser notado através dos números, o chefe do SIM (Sistema de Inspeção Municipal), Ariel Duarte Lima, destaca que ainda existe uma concorrência bastante desleal por muitas empresas que trabalham de forma clandestina sem o devido registro. “Essa concorrência existe e é muito desleal com as empresas registradas. Ou seja, a venda informal, clandestina, acaba prejudicando o setor. Nós encontramos, hoje, esse tipo de comércio realizando vendas de gêneros alimentícios pela internet, por exemplo, sem nenhum tipo de fiscalização. E aqui fica o nosso alerta para que as pessoas tenham cuidado com esses produtos que são vendidos pela internet porque é uma questão de saúde pública, muito preocupante, além de serem produtos clandestinos e sem procedência que não passam por uma fiscalização. Para se ter uma ideia, os produtos fiscalizados por nós (SIM), a cada 60 dias esses produtos passam por uma bateria de testes microbiológicos, fisioquímicos, teste da água e do produto para atestar a sua qualidade. Então, alertamos as pessoas para não consumirem produtos de agroindústrias que não estejam devidamente registradas”.
Segundos dados registrados no SIM, algumas empresas que obtiveram seu registro junto ao SISBI – POA, Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, que faz parte do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), conseguiram dobrar a sua produção, como é o caso da Rede de Supermercados Righi que apostou na produção de charque e obteve um aumento de 60% nas vendas com o registro. O registro no SISBI possibilita que os produtos das agroindústrias sejam comercializados em todo o território nacional.a
Cuidado com o que você consume
O veterinário Ariel Duarte ainda destaca que cada pessoa é responsável por fiscalizar aquilo que irá consumir para evitar contrair doenças. “A nossa dica é para que as pessoas não consumam produtos clandestinos sem a devida procedência porque existe um sério risco de contaminação e uma série de doenças que podem ser causadas por micróbios e outros organismos como é o caso da salmonela. Hoje, circula muito, até mesmo na internet, a venda de linguiça que é um produto característico nosso e nós temos 56 registros de empresas que produzem embutidos, então não há necessidade de se consumir produto sem procedência. Até mesmo a linguiça de javali estão vendendo por aí e nós alertamos a população que não compre porque esse é um grande problema de saúde pública. O javali é um invasor da nossa fauna e já está comprovado cientificamente que ele é transmissor de muitas doenças graves”.
Políticas públicas e de incentivo aos produtores
Para Ariel é necessário que se criem novas políticas públicas que valorizem mais este setor primário e incentivem os produtores a criarem novos produtos que geram emprego, renda e circulação de capital dentro dos municípios. Outro dado relevante é que com a criação de muitas agroindústrias muitos filhos de produtores decidiram retornar para o campo e investir em seu próprio negócio realizando um repovoamento das áreas rurais que sofriam com o êxodo de seus moradores. “Políticas públicas como o SISBI, por exemplo, vem para contribuir e muito para os municípios, pois, possibilitam as empresas comercializar os seus produtos em outras cidades. Nós, aqui em Livramento, somos o exemplo disse, quantas empresas aumentaram as suas vendas depois que conseguiram o registro. Está bom. Mas precisamos de mais políticas assim.”