Geralmente, realizar um sonho não é barato e ter um pet não é diferente. Muitas pessoas se encantam com a beleza e doçura dos bichos, mas quando deparam com os custos da criação, se assustam. Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), revela que gastos com pets podem chegar a 24% da renda mensal de famílias das classes C e D. Essa falta de conhecimento contribui para a estatística alarmante do abandono: segundo a última estimativa da prefeitura de Porto Alegre, realizada em 2013, só na Capital, mais de 500 mil cães e gatos vivem nas ruas sem donos.
Mas se engana quem pensa que esta informação é para desestimular a ter um pet, pelo contrário. A ideia é justamente conscientizar para que você saiba exatamente o tamanho da responsabilidade de ser tutor de um animal de estimação. E fique tranquilo! Dá para gastar bem menos.
Com R$ 150 por mês da pra cuidar de dois pets
Presidente da ONG Onda Animal, Karen Scheid, 50 anos, destaca que o principal objetivo da entidade é o bem-estar do animal. Para conquistá-lo, alerta que não é preciso gastar tanto. Ela conta que entidades como a que preside realizam atendimentos com preços mais em conta do que as pets shops, e isto ajuda a viabilizar a manutenção de um animal em casa.
— Temos cerca de 130 cães e 20 gatos para adoção. Entregamos os bichos castrados, desverminados e com as primeiras vacinas já aplicadas. Os que possuem doenças crônicas têm assistência veterinária até o final da vida. Assim, quem adota pode se preocupar basicamente com alimentação — conta.
A estudante Maria Eduarda Etges, 19 anos, é estagiária do curso de Administração e ganha bolsa de R$ 768 mensais. Ela tem dois filhos de quatro patas: o cachorro Banzé e a gata Pipoca. A jovem conta que gasta R$ 150 por mês para cuidar dos pets, o equivalente a 19% do ordenado, e garante que o valor é o suficiente para proporcionar uma boa vida aos animais.
— Cada um deles come 2 quilos de ração, e os banhos e tosas eu mesma faço em casa. Sobra até para comprar roupa, pastas e petiscos pra mimá-los — diz.
A cabeleireira Jacira Souza, 61 anos, endossa o pensamento de que é possível fazer muito com pouco. Ela tem três cães adultos recolhidos de situações de abandono. A Vick, sete anos, o James, 12, e o Kirk, 10 anos, que sofre de diabetes.
— Não sai muito caro, não. O diabético come ração especial e faz exercícios diários. No mais, é só dar comida, uma cama e bastante carinho — conta.
Ração: o caro pode sair mais em conta
Além de poder dar o banho em casa e fazer as tosas, existem outras formas para economizar. A veterinária Diula Cardoso, 30 anos, conta que existem táticas para gastar menos, mesmo que, às vezes, pareça que se gasta mais.
— A ração que o dono busca deve sempre ser a mais completa possível, pois uma com menos qualidade pode, futuramente, trazer problemas de rins e fígado e isso potencializa os gastos — explica.
Diula informa também que, na hora de comprar a ração, é importante prestar atenção no item ‘extrato etéreo’ que é informado na tabela nutricional dos pacotes.
— Extrato etéreo a partir de 10% indica uma ração com controle de ingredientes como sódio e gordura e dá maior saciedade para o animal. Assim, eles acabam ingerindo menos de uma comida que alimenta mais — lembra.
A profissional comenta também que existem veterinários especialistas em nutrição que podem indicar como fazer a comida do pet para gerar ainda mais economia.
— Preparar o alimento do animal com itens comprados no mercado pode trazer menos gastos, mas não pode simplesmente dar a nossa comida para eles por questão de sal, gordura e outros ingredientes que podem afetar a saúde — alerta.
Cuidados com pets crescem, apesar da crise
Segundo estimativa do Instituto Pet Brasil, o mercado pet brasileiro, considerado o terceiro maior do mundo em faturamento, movimentou mais de R$ 34,4 bilhões em 2018. O número representa um crescimento de 4,6% em relação a 2017. O empresário Jairo Luis Genthner Jr., 28 anos, é proprietário da pet shop Pet Parcão, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, e garante que o setor passa longe da crise.
— As pessoas podem até vir buscar algo mais barato, mas nunca deixam de comprar — garante.
O administrador explica que além de ração, banho e tosa, existem outros itens que devem ser mensurados na hora de pensar em um pet, principalmente em cães e gatos que ainda são os mais populares e estão presentes em 62% dos lares do país, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É preciso ver também antipulgas, vermífugos e vacinas, estas com duas doses obrigatórias (raiva e polivalente) por ano. Tudo isso sem contar eventuais consultas e medicamentos e os supérfluos que podem ser improvisados como cama, roupas, brinquedos, petiscos e pastas.
A boa notícia para quem quer um pet é que existe muita variação de preços e uma ampla variedade de ofertas de produtos. Por isso é sempre bom pesquisar em mais de um local, buscar grandes agropecuárias e pechinchar.
Fonte GauchaZH