Professor em Porto Príncipe, Markincy Lorcy trabalhou na limpeza de um restaurante ao chegar na Capital; hoje é cozinheiro
Markincy Lorcy precisou deixar muita coisa para trás quando saiu do Haiti. Com o país de origem em crise econômica e política, consequência do devastador terremoto de 2010, ele encontrou em Porto Alegre a oportunidade de ter uma vida melhor.
Antes professor de Ensino Fundamental, teve que se contentar com uma vaga de faxineiro em um restaurante como primeiro emprego na capital gaúcha. As dificuldades para se adaptar ao novo trabalho e à língua portuguesa só não eram maiores que a saudade da família e da noiva. A partir deste sábado (22), no entanto, Markincy retoma um pouco da história que estava construindo antes de abandonar Porto Príncipe.
Em poucos meses, o haitiano ganhou a confiança dos administradores do restaurante em que trabalha e se tornou cozinheiro. Com o novo salário e hábitos austeros, conseguiu reunir dinheiro para trazer a noiva, Marielene Richeme, do Haiti e finalmente se casar. Foram três anos de espera, com o amor à distância.
– Estou muito feliz. Hoje é um dia muito especial. Finalmente poderemos viver juntos – comemorou Markincy, 29 anos.
A cerimônia de união do casal foi realizada neste final de semana, na Igreja do Deus Verdadeiro, irmandade evangélica que reúne a comunidade haitiana em Porto Alegre. Localizada no bairro Passo das Pedras, na Zona Norte, a igreja reza seus cultos em crioulo, língua oficial no Haiti.
Marielene é formada em Enfermagem e agora deve se dedicar a aprender o português.
– Para conseguir um trabalho, é preciso dominar o idioma. Esse é o primeiro desafio – avalia Markincy.
Em Porto Alegre, o haitiano encontrou apoio de muita gente para superar os desafios de ser um imigrante. Além do acolhimento dos compatriotas já instalados, foi importante o trabalho de voluntários de entidades como o Vida Centro Humanístico, voltada ao atendimento de estrangeiros. No casamento deste sábado, houve um esforço coletivo para preparar apresentações musicais e comidas típicas. E até um fotógrafo profissional aceitou o convite para registrar o momento.
– Somos gratos ao Brasil e às pessoas que acreditam nas nossas capacidades – afirma Markincy.
Fonte GaúchaZH