Denúncias de falta de soro fisiológico, gaze e antibióticos nas UBSs,prejudicam o trabalho dos profissionais no atendimento à população
Como tratar pacientes graves sem materiais básicos como:esparadrapos, soro fisiológico, instrumentos esterilizados, analgésicos ou antibióticos? Este é um problema que se estende por todas as Unidades Básicas de Saúde, de Sant’Ana do Livramento. Para resolvê-lo,as famílias necessitadas de atendimento precisam comprar materiais e medicamentos para ter uma assistência adequada.
Na área odontológica da Unidade de Saúde do Armour, 27 pessoas aguardam na fila de espera para dar continuidade ao tratamento dentário. Devido à falta de anestésico e grau cirúrgico (envelopes para instrumentos cirúrgicos), os tratamentos foram paralisados há 6 meses. A falta dos materiais afeta outras áreas do Posto de Saúde. O ambulatório, por exemplo, não pode fazer curativos simples por falta de equipamento de esterilização, como pinças e tesouras que são necessárias.
A dentista Karen Alvez Barão, que atende na Unidade do Armour, disse que está sendo feito apenas atendimento emergencial nos pacientes, porém, caso precise de algum procedimento como extração ou obturação, o paciente entra em uma lista de espera e aguarda até a chegada dos equipamentos. A médica ressaltou que envia memorandos semanais para a Prefeitura, na esperança da reposição desses utensílios, mas eles demoram muito a chegar e muitas vezes nem chegam, prejudicando aproximadamente 12 mil pessoas das unidades.
Na Unidade SanitáriadaAvenida Daltro Filho, a situação não é diferente, segundo os profissionais que conversaram sem gravar entrevista, falta quase tudo: de saco de lixo, sabonete, papel toalha e higiênico, produtos de limpeza em geral, material administrativo até materiais clínicos como analgésicos, esparadrapos, soro fisiológico e grau cirúrgico, o que dificulta muito o atendimento ao público, de acordo com os profissionais. Eles contam que muitas vezes os funcionários chegam a pagar – com dinheiro do próprio bolso – pelos materiais para que se tenha o mínimo de condições para atender à população. Além disso,pacientestambém acabam comprando os insumos para ter o mínimo de suporte ao atendimento imediato. Na Unidade Sanitária tem lista de espera para o tratamento odontológico quechega a 35 pessoas e não há previsão para retornar o tratamento. Não houve nenhum tratamento odontológico nessa unidade durante este ano.
A Secretaria de Saúde recebeu no fim da semana passada os anestésicos que foram distribuídos para as unidades de saúde nessa semana. O último lote que foi disponibilizado pelas UBSs venceu em novembro de 2018. Além disso, não estão disponíveis os materiais complementares, que são essenciais para o atendimento. Com isso, os pacientes voltam para casa sem resolver seus problemas de saúde. Itens para a coleta de exames também estão na lista de falta, atrasando tratamentos em todas as áreas de saúde.
Almiro da Costa, de 88 anos,atendido em uma consulta com o cardiologista, saiu com uma lista extensa de remédios, os quais terá que comprar com o próprio dinheiro, pois não há nos postos de distribuição e as opções genéricas não causam o efeito necessário.
Eunice Santana, paciente do posto de saúde do Armour, alegou não ter conseguido fazer o exame de Papanicolau, por não haver material de coleta. Um exame anual é essencial para a saúde da mulher, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em janeiro, o presidente da Câmara, vereador Maurício Galo delFabro (PSDB) fez um levantamento da falta de materiais básicos nas Unidades de Saúde da cidadee disse estar surpreso em saber que, até agora não houve abastecimento dos produtos. Galo lembrou que, a situação já era precária e que havia uma extensa lista de itens em falta. “Eu fico surpreso, pois no início de janeiro fizemos levantamento de algumas UBS e Farmácia Popular e ainda continua faltando itens. É muita falta de material básico para o atendimento à população e, mais surpreso fico porque o secretário da Saúde, em uma entrevista, disse que em relação a mais de 600 itens que existem em uma farmácia popular, aqui só há falta de 04 ou 05 itens, o que não condiz com a realidade atual”, relatou.
A Reportagem entrou em contato com a coordenadora da Saúde Bucal, Leticia UchaFeippe, que disse não ter autorização superior para esclarecer o caso. Segundo informações extraoficiais, a Secretaria vem enfrentando há meses problemas nas licitações. Até o fechamento dessa reportagem, a Redação não conseguiu um posicionamento oficial da Prefeitura de Sant’Ana do Livramento, tampouco da Secretaria de Saúde.