O Frigorífico Estância, inaugurado há 4 anos, em Livramento trabalha, exclusivamente, com abate de ovinos. Segundo Tales Oviedo, sócio proprietário da empresa, o momento é favorável para expansão de mercado
As carnes bovina, suína e de frango já estão presentes na mesa do brasileiro. Por outro lado, a carne ovina precisa conquistar seu espaço na preferência do consumidor. Resultados de pesquisa realizada recentemente pela Embrapa demonstraram que 25 milhões de brasileiros, 12% de consumidores do País, nunca sequer experimentaram a proteína oriunda de ovelhas, carneiros ou cordeiros.
Mesmo entre aqueles que já provaram carne ovina, a maior parte não criou hábito de consumo. Dos entrevistados listados na seção de consumo ocasional, 27% revelaram comer esse tipo de carne algumas vezes por ano e 35% consumiram alguma vez na vida, soma que corresponde a 128 milhões de pessoas. O consumo é frequente apenas para 52 milhões de brasileiros, ou 25% da população nacional, com 17% dos pesquisados saboreando a carne ovina pelo menos uma vez por mês, 7% uma vez por semana e 1% diariamente.
Pois, foi justamente este mercado em potencial que despertou no ex-corretor de ovinos Tales Oviedo, há 4 anos o desejo pela implantação do projeto do Frigorifico Estância. Hoje, gerando mais 30 empregos diretos e indiretos, a planta frigorífica tem uma capacidade de abate de 3 mi ovinos por mês. Apostando em uma marca própria, mas também realizando abates terceirizados, o Frigorifico Estância tem conquistado importantes espaços no mercado gaúcho de carne, sobretudo na região metropolitana do estado, e também fora, em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, entre outros.
Um produto 100% santanense que aos poucos vai conquistando o paladar dos brasileiros. Apesar disso o grande desafio é encontrar matéria prima, ou seja, o cordeiro para o abate. Um dos fatores que contribui para isso é a diminuição dos rebanhos por conta dos criadores que estão cada vez mais desestimulados. Por exemplo, Livramento nas suas épocas áureas chegou a ter mais de 1 milhão de cabeças de ovelhas e hoje possui um rebanho que gira em torno dos 400 mil animais.
Este é mais um desafio da Capital Nacional da Ovinocultura, aproveitar a abertura de mercado e retomar o crescimento dos rebanhos, como sugere o empresário. “Hoje, a gente sofre um pouco para encontrar cordeiro, porque temos pouca oferta de animais, porque diminui bastante os rebanhos ovinos e tem horas que a gente não consegue encontrar e assim a gente sofre para manter a escala do frigorífico. A gente dá bastante apoio tanto para o pequeno quanto para o grande produtor. Compramos, por exemplo, 20, 40, 50 animais. Nós até incentivamos as pessoas a iniciarem uma criação de ovinos porque eles vão ter um mercado certo. Já vai ter sua produção vendida, porque a gente vai comprar” disse o empresário.
Matias Moura – [email protected]