qui, 21 de novembro de 2024

Variedades Digital | 16 e 17.11.24

Um santanense no Caso Bernardo

O caso que ganhou projeção nacional pela gravidade dos fatos foi a julgamento na semana passada e condenou os quatro réus a penas que somam cerca de 100 anos.

Na semana passada, a imprensa de todo o país voltou seu olhar para a cidade de Três Passos, no Rio Grande do Sul, mais precisamente para o fórum daquele município, onde estava em julgamento um dos casos de maior repercussão nacional nos últimos tempos: o Caso Bernardo.
Bernardo UglioneBoldrini, de 11 anos, desapareceu em 4/4/14, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado na noite de 14 do mesmo mês, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio em Frederico Westphalen. As investigações apontaram que o menino foi morto com uma injeção letal depois de ter sido dopado.Os acusados pela morte do garoto são o pai Leandro Boldrini, que é médico, a madrasta GracieleUgulini, enfermeira, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz.
Em meio ao clima tenso de mais de 50 horas de julgamento e cinco dias exaustivos de trabalho dos envolvidos, a sentença foi anunciada na noite de sexta-feira, 15 de março, onde Leandro Boldrini, pai de Bernardo, recebeu condenação de 33 anos e oito meses de prisão em regime fechado; GracieleUgulini, a madrasta foi condenada a 34 anos e sete meses de prisão, em regime fechado; EdelvâniaWirganovicz recebeu a pena de 22 anos e dez meses de prisão, em regime fechado e seu irmão Evandro Wirganovicz, a condenação de nove anos e seis meses de prisão, em regime semi-aberto.

Direito no sangue

Rodrigo Grecellé Vares, 33 anos de idade, é advogado criminal e atua no caso Bernardo desde setembro de 2014, quando o seu escritório foi contratado para trabalhar na defesa de Leandro Boldrini. Filho de Sílvio Vares Neto e Gislaine GislerGrecellé saiu de Livramento no ano de 2003, aos 17 anos de idade, para estudar Direito na Faculdade de Direito da PUCRS. Segundo ele, o Direito chegou em sua vida por influência familiar, pois é filho e neto de advogado. Todo o caso, para mim, tem a mesma importância. Atuo com o mesmo empenho em todas as causas que tenho a honra de representar um cidadão. Procurei no transcorrer dos anos me especializar em causas criminais.

Confira na íntegra a entrevista exclusiva 

A Plateia – Como o senhor começou a atuar no Caso Bernardo?
Rodrigo Grecellé-Fui constituído pelo Dr. Leandro Boldrini para patrocinar a sua defesa no dia 01/09/2014, por ocasião da revogação dos poderes outorgados ao advogado que me antecedeu.
A Plateia – Desde quando você trabalha no caso?
Rodrigo Grecellé-Entrei no caso quando o processo estava no seu início. Apenas uma audiência tinha ocorrido, de maneira que, juntamente com o Dr. Ezequiel Vetoretti, acompanhei quase todo o desenrolar do processo.
A Plateia: Quais os principais desafios em assumir um caso como este que acabou ganhando repercussão nacional?
Rodrigo Grecellé-O principal desafio foi saber lidar com a imprensa, e primar sempre, pelos interesses do acusado. Ou seja, nenhum interesse pessoal e aqui falo de sentimentos humanos, como vaidade, deve se sobrepor ao interesse maior: realizar o melhor para o réu.
A Plateia – Qual foi a linha de trabalho adotada pela defesa?
Rodrigo Grecellé-Juntamente com o meu sócio, Dr. Ezequiel, adotamos como linha de trabalho aquilo que considero seja a nossa marca: o respeito às pessoas. Exercer a defesa de um réu acusado injustamente com respeito e lealdade a todas as partes.
A Plateia – Durante o julgamento o que foi mais marcante em sua opinião?
Rodrigo Grecellé-Foi um julgamento muito longo, tenso e cansativo. Confesso que nunca havia enfrentado um júri tão longo assim, em que pese já tenha atuado em mais de 100 (cem) júris. É difícil dizer o momento mais marcante. Mas, não fugindo à pergunta, foi o final da minha fala. Naquele momento, em que reuni o acusado e todos os advogados em frente ao corpo de jurados e, citando Evandro Lins e Silva, pugnei pela absolvição do réu. Naquele instante estava tomado pela emoção e confiante na absolvição.
A Plateia – Qual a sua avaliação diante da proporção que o caso tomou na opinião pública?
Rodrigo Grecellé-O caso foi muito grave. Uma criança inocente foi assassinada covardemente. Portanto, natural que a opinião pública condene o ato. Minha discordância diz unicamente com a espetacularização do processo. Isso prejudicou e muito o direito de defesa.
A Plateia – Foram cerca de 50 horas de julgamento em cinco dias exaustivos para os envolvidos, como o senhor avalia a ação da defesa durante este período?
Rodrigo Grecellé-Procurei sempre manter meus princípios éticos, tratando a todos da mesma forma. Considero-me um profissional tranquilo. Carrego, como advogado, o peso da liberdade humana, e isso incomoda. Evidentemente que nos dias de julgamento a pressão aumenta. Você não pode errar. E, neste ponto, entendo que agi da mesma forma que venho adotando em tantos outros julgamentos. Não fui diferente porque estava sendo filmado em rede nacional e internacional. Aquele é o Rodrigo. O profissional. O apaixonado pela profissão. Procurei deixar naquele plenário do júri um pouco de mim, da minha marca, da minha forma de trabalhar. Penso que consegui.
A Plateia – Como lidar com os sentimentos em um caso onde a vítima era apenas uma criança de 11 anos e um dos acusados é o pai? E ainda lidar com as frequentes manifestações e protestos durante os anos que antecederam o julgamento?
Rodrigo Grecellé-Tenho dois filhos pequenos. É sempre delicado, pois somos criticados por isso. Disse no início da minha defesa que aceitei o caso pois me vi diante de uma causa justa. Defendi no júri de Três Passos um homem acusado injustamente de ser o mandante da morte do próprio filho. Leandro foi um péssimo pai, na minha opinião; mas não mandou matar o filho. Este é o ponto.
A Plateia – Quantas semanas de preparação os advogados de defesa tiveram para atuar nos cinco dias de julgamento? As reportagens veiculadas na mídia influenciaram de que maneira?
Rodrigo Grecellé-Eu iniciei a minha preparação desde o momento em que assumi a defesa, no dia 01/09/2014. Não havia dia em que esse processo não passasse na minha mente. Cada depoimento, cada prova foi minuciosamente estudada. Assim foi e assim sempre será. Nosso escritório prima por um trabalho artesanal. Não há como precisar o quanto as reportagens prejudicaram o julgamento, mas negar sua influência é negar a existência do sol.
A Plateia – Julgamentos como este, marcam de que maneira a trajetória de um advogado de defesa? Existem estigmas com advogados de defesa que atuam em casos de grande repercussão?
Rodrigo Grecellé-Um advogado criminalista que não carrega cicatrizes no corpo e na alma nunca foi e nunca será um advogado de verdade. Terá sido tudo, menos um advogado. Digo que no plenário do júri vivo os momentos mais felizes e os mais tristes da minha vida profissional. Vou da glória ao pesadelo. Isso faz parte. Saber seguir em frente é o segredo. Aprender a cada júri, esse é o meu propósito. Os estigmas existem. Todo advogado que atua em caso de grande repercussão poderá ficar estigmatizado, mas confesso que isso não me importa. Estou em paz com a minha consciência. Nos limites da minha força e da minha inteligência procurei representar o meu constituinte da melhor forma possível e de maneira ética.
A Plateia – Quais os próximos passos que a defesa pretende tomar diante da sentença e decisão do Júri? Em especial no caso do Leandro Boldrini?
Rodrigo Grecellé-A defesa já interpôs Recurso de Apelação. Esperamos a nulidade do julgamento com relação ao acusado Leandro Boldrini e a submissão dele a novo júri. Perdemos a batalha, mas não a guerra. O segredo é nunca desistir, especialmente quando se está do lado da verdade. Leandro foi tudo o que não se esperava de um pai, todavia, Leandro não mandou matar o filho. Seguiremos na defesa do acusado e confiantes, pois ser advogado de defesa é lutar contra tudo e contra todos. Rui Barbosa respondendo a Evaristo de Moraes, no livro que ficou conhecido como “o dever do advogado”, assentou que “o legislador quis que, ao lado do réu, fosse quem fosse, houvesse sempre uma palavra leal e honrada, para conter, quanto se possa, as comoções da multidão, as quais, tanto mais terríveis quanto generosas, ameaçam abafar a verdade”. A luta continua.

Matias Moura – [email protected]

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