Fernando Góes, um advogado santanense de trajetória na história da Fronteira
Diante de um mundo cada vez mais globalizado, interligado pela internet; diante de uma geração hipnotizada pelos games, TVs, filmes e séries, encontrar alguém para horas de conversa é quase impossível, mas foi numa casa na Rua Almirante Tamandaré, em frente ao Parque Internacional, que a reportagem encontrou uma figura resistente: o Dr. Fernando Góes, advogado e amante dos livros.
A carreira do Dr. Fernando foi anunciada ainda pelo pai quando ele tinha apenas 11 anos de idade. A frase dita quase que por um Oráculo é lembrada com saudade: “este menino vai ser advogado como o avô”, mas Fernando ainda lembra que o pai complementou com um alerta: “se fores advogado não trabalha na área criminal, porque teu avô trabalhou 30 anos como criminalista, em Uruguaiana,e morreu pobre”.
Não foi teimosia, mas vocação. A paixão do advogado pela área do Direito Penal veio ainda na faculdade quando no 4° ano trabalhou com um colega no seu primeiro caso ao defender um acusado de homicídio no Rio de Janeiro. O caso repercutiu nos jornais e enfrentando a opinião pública e adversidades, o jovem advogado foi infectado pela adrenalina da prática jurídica. Após terminar a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro, Fernando Góes foi para a Europa, Roma, onde fez um curso de dois anos também na área penal. Foi lá também que desenvolveu a paixão pelo esqui. “O esporte sempre fez parte de minha vida”. Ao retornar para Livramento, Fernando Góes trocou as montanhas de neve pelo hipismo, esporte onde ganhou vários prêmios.
Um dos casos que atuou em Livramento e marcou sua trajetória na advocacia penal foi o caso do Xirica. Góes lembra que este foi um caso que chocou a cidade e assumir a defesa do réu foi um desafio. “A mídia e a opinião pública condenavam o meu cliente, mas ainda assim conseguimos fazer um trabalho que foi compreendido, tanto que o primeiro julgamento foi 4X3”. Xiricapassou por três julgamentos e o Dr. Fernando Góes atuou no três com a ajuda do também advogado e amigo Marcelo Peruchin e, no último, com o seu filho Felipe Góes. Advogado experiente, Góes lamenta que muitos advogados estejam deixando o Tribunal do Júri, mas reconhece que está cada vez mais difícil lidar com a mídia e a condenação feita em reportagens e programas de TV. “As condenações de 30 ou 34 anos são um absurdo. É punir violência com violência. Quem fica numa prisão tanto tempo é quase impossível ter alguma recuperação”. Ele acredita que para se construir uma sociedade mais justa, o país precisa primeiro aplicar uma política criminal e ela começa com a distribuição de renda.
Góes passa todo o tempo livre lendo livros, este é o seu lazer e a forma que viaja atualmente. Em casa, possui uma infinidade de livros e títulos das mais diversas áreas da literatura: ciência, filosofia, romances, biografias e outros. No escritório trabalha com a Bacharel em Direito, Iáchiny Siqueira e a advogada Camila Ribeiro Lima.
Estes e outros temas foram fruto de uma conversa que durou mais de uma hora e que será transformada em documentário. O Jornal A Plateia faz o convite para o leitor conferir no canal do Youtube do Grupo A Plateia a entrevista completa.