Livramento possui 55 mil hectares de soja plantada no município e a expectativa de uma boa safra
A soja, hoje, é o principal produto do agronegócio brasileiro e a fronteira com o Uruguai, conhecida tradicionalmente como terra de pecuária, aos poucos, vai mudando a sua paisagem pelas vastas plantações que tomam conta das várzeas e coxilhas. Várzeas e coxilhas que antes eram dominadas pelo campeiro a cavalo e os rebanhos de gado vãocedendo lugar ao ronco dos tratores e colheitadeiras na vastidão da pampa.
Segundo o escritório regional da EMATER, a área plantada de soja no município vem crescendo ano a ano, e dados do IBGE apontam que, atualmente, Livramento possui mais de 55 mil hectares do grão. “A nossa área vem crescendo bastante até pelo fato de sermos uma das últimas fronteiras agrícolas do país. Os outros municípios não têm mais para aonde expandir e nós, em Livramento, temos 700 mil hectares de áreas agriculturáveis, sendo que metade disto é basalto e, então, nós teríamos uns 250 mil hectares para cultivar. E essa é uma área bastante expressiva para crescimento” destaca o engenheiro agrônomo, Mario Gonzáles, chefe do escritório regional da EMATER.
Segundo o agrônomo, Santana do Livramento tem todas as condições para se tornar, nos próximos anos, um dos grandes produtores de soja do estado por causa da sua grande extensão de área e dos solos disponíveis para tal fim.“Nós temos ainda uma grande área de solos que são agriculturáveis que daria para se colocar soja” disse.
Atualmente, o município possui 200 produtores de soja incluindo um grande número de assentados que foram inseridos pela reforma agrária e que de uma forma particular ou em sociedade entraram no plantio. “Nós temos pequenos produtores, no caso os assentados e também grandes produtores, onde desses 55 mil hectares a maioria é de grandes sojicultores que representam 80% da área plantada”.
Excesso de chuva poderá prejudicar safras futuras
Segundo dados da EMATER a soja que estava plantada em uma época correta teve um grande prejuízo por conta dos grandes volumes de chuva acumulados no mês de janeiro. Sobretudo as áreas de várzea que tiveram uma perda quase que total. “Nas áreas mais baixas principalmente onde o pessoal que planta arroz também plantava soja estima-se uma perda de 8 a 10 mil hectares quase que na sua totalidade. Pelo motivo de serem áreas mais baixas e ficaram alagadas e a soja não suportar está humidade. Essas áreas foram perdidas quase que totalmente, um prejuízo de 15% aproximadamente. Já nas próximas safras essa chuva de janeiro ainda vai causar um prejuízo também, ainda é cedo para calcular. Mas com certeza teremos um prejuízo significativo”.
Expectativa para safra
Mario Gonzáles comenta que ainda é meio cedo para falar em números da produção, principalmente pelos tipos de técnicas que são utilizadas nas diferentes regiões do município que interferem diretamente no volume produzido. “Ela pode chegar aos 60 sacos por hectare se o tempo ajudar em uma região tipo o Upamaroti e em uma região mais pobre, com uma tecnologia mais baixa, se tirar de 25 a 30 sacos. Mas uma expectativa de boa colheita pra Livramento fica na casa das 40 sacas por hectare. A única preocupação que nós temos é por causa do El Niño, porque se nós tivermos um excesso de chuva na época da colheita, assim como foi no plantio, teremos grandes problemas também”.
Cotação e preço
Quanto a comercialização do produto a tendência é que o preço pago pela saca seja mais baixo em relação ao ano passado que foi de R$80,00. “O preço é bastante variável e depende do mercado exterior e do dólar. E nós aqui no Rio Grande do Sul temos uma boa produção, mas o Brasil está produzindo 112 milhões de toneladas e aquela zona do centro oeste é uma grande produtora. Mas o nosso problema maior é a questão da exportação e aí é uma questão de comércio internacional. Mas aquele preço de R$80,00 reais não deve se manter este ano por conta da variação do dólar” encerrou.