Investigação da Polícia Federal que durou mais de quatro anos, sobre tráfico internacional de armas e drogas denúncia 54 pessoas por envolvido no crime organizado
O Ministério Público Federal protocolou na semana passada, aqui em Santana do Livramento uma denúncia contra 54 pessoas que estariam envolvidas no crime de tráfico internacional de drogas e armas. A denúncia é resultado de mais de quatro anos de trabalho investigativo da Polícia Federal e dos órgãos de segurança do Brasil e Uruguai em conjunto.
Segundo apurado nas investigações da Polícia Civil e Delegacia da Polícia Federal de Livramento, os denunciados fazem parte de uma quadrilha binacional que se especializou na pratica de trocar armas por drogas abastecendo as facções criminosas da capital e região metropolitana do Rio Grande do Sul, lucrando altas quantias com a venda de entorpecentes.
A denúncia foi protocolada pelo procurador da República Rodrigo Graeff , sendo que a quadrilha denunciada pelo MPF foi desarticulada pela Polícia Civil em 2015, na Operação Cerberus . O grupo era formado na sua grande maioria por integrantes de Santana do Livramento que realizavam a intermediação na venda de armas e munições em uma espécie de mão dupla, já que o grupo de fronteiriços comprava das facções maconha, crack e cocaína para distribuição nas cidades da região. Os policiais civis estimam que o bando lucrava R$ 80 mil mensais com venda de armas e R$ 300 mil com drogas.
Denúncia e Modus operandi da Quadrilha
Segundo o procurador Rodrigo Graeff , foram oferecidas 15 denúncias envolvendo as 54 pessoas citadas como integrantes da quadrilha. “O “Modus operandi” dessa quadrilha era basicamente levar essas armas compradas aqui na fronteira para a grande Porto Alegre e lá elas eram trocadas por drogas, basicamente maconha. Mas também há indícios de crack e cocaína. Essa droga era para ser comercializada aqui em Rivera e outras cidades da região. Foi apurado nas investigações que é uma grande organização criminosa com vários braços e relações e com atividades diversificadas onde cada integrante tinha a sua função. Após a conclusão da investigação da Policia Federal o Ministério Público Federal ofereceu as denúncias e nós estamos aguardando a manifestação do poder judiciário” disse o procurador com exclusividade ao Jornal A Plateia.
Segundo ele, o excelente trabalho investigativo feito pela Policia Federal brasileira serviu também com base para atuação da polícia uruguaia que resultou na prisão de pessoas por envolvimento com a quadrilha.” Houve inclusive já condenação de determinados indivíduos no Uruguai como consequência do trabalho executado pela Polícia Federal no Brasil” disse ele.
Próximos passos
O procurador, destaca que após a denúncia ter sido oferecida, cabe o poder judiciário aceitar ou não para seguir com a ação penal.” Se a denúncia for aceita as pessoas que foram denunciadas serão chamadas para ser ouvidas e para fazer a sua defesa. A grande peculiaridade é que pela gravidade dos fatos e por serem várias pessoas, por uma questão processual se entendeu que fossem cindidas as denúncias para cada célula da organização para que não se tornasse um processo sem fim. Nós esperamos agora que a tramitação seja regular e com a propositura dessas ações penais aja a finalização dos processos e se comprovada a participação dos envolvidos que eles sejam condenados” encerrou o procurador.
Cachorrinho é apontado como chefe da quadrilha
As investigações dão conta de que o chefe da quadrilha é o uruguaio Ernesto Andres Vargas Villanueva, vulgo “Cachorrinho” que está preso desde 2008 pelo assassinato de traficantes rivais.
Relembre a Operação Cerberus que deu origem as investigações
No dia 26 de Outubro de 2015, cerca de 200 policiais cumpriram 22 mandados de prisão preventiva, 32 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva- nas cidades de Santana do Livramento, Porto Alegre, Alvorada, Viamão, Canoas, Charqueadas, Rosário do Sul, Uruguaiana e Rivera (Uruguai). Dezenas de pessoas foram presas, armas e drogas apreendidas.
Conforme as investigações, que duraram oito meses, a intimidação e a eliminação de concorrentes é o método utilizado pela organização para a manutenção do monopólio do crime na região.
A ordem de enviar armas e munições era oriunda da Penitenciária Estadual de Santana do Livramento e Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana, enquanto que o envio das drogas em direção à fronteira oeste era gerenciado de dentro do Presídio Central, Penitenciária Estadual do Jacuí e Presídio de Alta Segurança de Charqueadas.
A Operação Cerberus foi coordenada pela 12ª Delegacia de Polícia Regional (DPR) de Santana do Livramento, com o apoio 21ªDPR (Santiago), 9ªDPR (Bagé), 4ªDPR (Alegrete), 3ªDPR (Santa Maria), Gabinete de Inteligência (GIE), Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários, Polícia Rodoviária Federal e Ministério Público. Também prestaram apoio à operação o Exército Brasileiro e a Polícia de Rivera.
Por: Matias Moura – [email protected]