A famosa “livreta” ainda funciona em armazéns espalhados pela cidade até hoje
Quem nunca ouviu falar de comprar no armazém e anotar na livreta? Pois é, ainda tem muita gente que anota no caderninho para pagar no fim do mês. Uma tradição antiga que surgiu ainda nos anos 40, quando o brasileiro frequentava a bodega e pedia para anotar tudo no caderno, ela ainda resiste em pleno 2018, onde muitos lugares estão com o sistema todo computadorizado.
Victor Daniel Rodrigues, proprietário do Minimercado da Sete, localizado na Rua Sete de Setembro, vende na livreta há 15 anos e conta ter uns oito ou dez clientes que adotam essa facilidade de pagamento. “Muitas vezes as pessoas vão ao mercado, compram, e os produtos não duram 30 dias, então recorrem à gente, compram na livreta, mas pagam”, comenta Victor.
Confiança é a palavra chave para dar certo as vendas há 15 anos, segundo conta, os clientes foram garantidos a partir da amizade com os vizinhos conhecidos. “Tem que ter confiança, se não tiver, não adianta. Vendo só para quem eu conheço, às vezes aparece alguns aqui, mas se não é conhecido nem adianta pedir pra levar anotado”, explica Victor.
Outro exemplo dessa tradição é a Mercearia Reforço, localizada na Rua Júlio de Castilhos. Suzana Lesina, proprietária do estabelecimento, vende há mais de 15 anos na livreta. Conta ter 120 clientes que ainda adotam esse tipo de pagamento, depois tem aqueles que pagam por semana e outros a cada 15 dias.
“Dá certo, vendo há 15 anos, sempre tem alguma exceção, mas o normal todos pagam porque precisam. Sabem que se não manter o crédito, não vão conseguir seguir na livreta. A partir disso vamos selecionando os clientes, conforme anda vimos com quem depositamos confiança, porque tudo é na base da consciência e da confiança”, comenta Suzana.
Marta do Rosário é cliente conhecida da Suzana e diz que adota esse crédito porque muitas vezes com o salário que recebe não consegue pagar todas as contas a vista. Na mercearia ela tem a facilidade de comprar e pagar conforme o estabelecimento estipula.
Por: Lauren Trindade – [email protected]